SBSR: Todos rendidos ao furacão Florence + The Machine

A edição deste ano do Super Bock Super Rock (SBSR) terminou ontem com a actuação apoteótica de Florence + The Machine. Se ainda restassem quaisquer dúvidas sobre a popularidade de Florence Welch em Portugal, a noite de ontem no Meo Arena veio provar que a artista é caso sério de devoção no nosso país. 

Pela primeira vez com honras de cabeça de cartaz num festival português, a britânica foi recebida pela maior enchente dos três dias de SBSR: 20 mil pessoas. Mas nem era preciso ouvir os dados da organização para perceber que, de facto, a noite de ontem estava a ser a mais concorrida. Sentia-se isso na afluência aos concertos em palcos secundários, na (por vezes estreita) passagem entre Meo Arena e Pavilhão de Portugal, na área da restauração. Mas, é importante salientar, tal como a produção do festival previu, a lotação máxima de 20 mil pessoas por dia nunca se revelou desconfortável. Bem pelo contrário. Por alguma estranheza que o recinto urbano possa ter causado no primeiro dia, a aposta em trazer o SBSR para o Parque das Nações parece acertada, mesmo que em noites de Verão como a de ontem preferíssemos ver Florence + The Machine a céu aberto. 

Ainda assim, o calor que a cantora transmite mal sobe ao palco rapidamente nos faz esquecer que estamos num espaço fechado. São poucas as artistas com a força e a capacidade de captar por inteiro a atenção de uma multidão, que passa religiosamente as quase duas horas de concerto de olhos postos em si. A última vez que a vimos em Portugal tinha sido no palco secundário do Alive em 2010. Na altura, Florence Welch já demonstrava ser um furacão, mas ontem à noite ficou provado que o palco é mesmo o seu habitat natural. E os seus trunfos são muitos: além do vozeirão irrepreensível, Florence sabe como ninguém ser teatral, mas sem cair em exageros, ou criar momentos mais intimistas numa sala nada íntima.  

Oscilando entre pulos energéticos de um lado ao outro do palco e momentos mais subtis em que se move delicadamente como uma boneca de uma caixinha de música (a indumentária de estilo romântico e de branco integral ajuda a criar o imaginário), Florence intercalou com mestria as canções do novo disco (“How Big, How Blue, How Beautiful”), com os êxitos de álbuns anteriores como ‘Shake it Out’, ‘Cosmic Love’ ou ‘Dog Days Are Over’. Pelo meio ainda recorda Patti Smith, ao cantar um excerto de ‘People Have the Power’, desce algumas vezes do palco para abraçar a plateia, ‘roubar’ coroas de flores às fãs e receber a bandeira nacional que leva para o palco. “Muito obrigada. Foram incríveis. Até à próxima”, despediu-se depois de interpretar o ‘velhinho’ ‘Kiss With a Fist’. 

Antes de Florence + The Machine, os FFS! (união dos escoceses Franz Ferdinand e os norte-americanos Sparks) revelaram funcionar melhor ao vivo do que em disco, com o encontro entre o rock'n'roll dos primeiros e o glam-rock operático dos segundos a dar lugar a uma festa colorida e animada no Meo Arena. 

alexandra.ho@sol.pt