Não falo apenas de amores. Sabemo-lo todos que não é possível termos muitos na nossa vida. Mesmo com doses generosas de imaginação, o espaço que temos para o absoluto não é infinito. Podemos ter 500 casos amorosos, mas amor-amor é uma impossibilidade. Conheço quem tenha amado mais do que uma vez; não me admiraria que se pudesse dar a vida em tempos diferentes por quatro ou cinco pessoas, mas nessa circunstância existe sempre uma tristeza implícita. É que um dia a mulher ou homem a quem amámos deixará de existir como antes, passará a ser uma memória que em nós terá o efeito de uma fotografia na sala, ou uma como esta. Amores são poucos, mas para voltarmos a amar realmente alguém teremos de esquecer quem amámos antes. Para que todos os espectáculos sejam momentos que não esquecemos.
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