Lutar contra alterações climáticas é imperativo moral da humanidade

Cerca de 60 autarcas do mundo inteiro, reunidos no Vaticano por convite do papa Francisco, assinaram hoje uma declaração na qual afirmam que a luta contra as alterações climáticas é “um imperativo moral para a humanidade”. 

No final de uma cimeira de dois dias, os eleitos, entre os quais a presidente da Câmara de Paris, Anne Hidalgo, e de Nova Iorque, Bill de Blasio, comprometeram-se a unir esforços contra o aquecimento global, no seguimento da encíclica papal, intitulada "Laudato Si" ("Louvado seja""), consagrada ao ambiente.

"As alterações climáticas causadas pelo homem são uma realidade científica e o seu controlo efetivo é um imperativo moral para a humanidade", declararam, considerando que as cidades têm "um papel muito importante" nesta luta.

No texto, denunciam também a exploração dos mais pobres e dos recursos do planeta.

"Enquanto presidentes de Câmara, comprometemo-nos a favorecer nas nossas cidades (…), a emancipação dos pobres e dos que estão em situação de vulnerabilidade, para reduzir a sua exposição aos eventos climáticos extremos (…) que alimentam o tráfico humano e as migrações forçadas", escreveram no texto. 

Estes autarcas, que também contam com os presidentes das autarquias de Roma, Madrid ou São Paulo, acrescentaram que desejam que as suas cidades "se tornem cada vez mais socialmente inclusivas, seguras, resistentes e duráveis".

Ainda na declaração final, estes dirigentes autárquicos defenderam que "o mundo deve tomar consciência [do facto] de que a cimeira sobre o clima, que vai decorrer em Paris no final do ano, pode ser a última possibilidade efetiva de negociar acordos que mantenham o aquecimento global, causado pelo homem, abaixo dos dois graus centígrados" (2ºC).

Este alerta é tanto mais importante quando evidenciaram que "a trajetória percorrida até agora pode fazer esperar, mesmo ultrapassar, os 4ºC, provocando consequências graves".

De Blasio declarou mesmo: "Se decidirmos enfrentar estas situações, ultrapassar o nosso medo de mudança, o temor de perder os nossos hábitos de consumo, que até agora nos têm bloqueado, podemos mobilizar as oposições políticas".

O presidente democrata de Nova Iorque acrescentou que é preciso "ousar" mudar a forma de encarar as energias fósseis, porque a dependência existente está "em vias de nos matar".

Lusa/SOL