#passosbem

A entrevista de Passos Coelho, ontem na TVI, diferenciou de forma definitiva o estilo e o que se espera dos principais candidatos ao cargo de Primeiro-Ministro às eleições de Outubro próximo. E essa diferença é abismal.

Numa situação comum, ou própria de um qualquer candidato a PM, a reação à pergunta “vai baixar o IVA da restauração?” seria muito provavelmente uma resposta do tipo “É uma situação que vamos ponderar e se tivermos essa possibilidade é isso que faremos” ou então, numa resposta mais eleitoralista, o candidato responderia afirmativamente aproveitando, no caso de ter sido ele a implementá-la, a tecer grande reconhecimento ao esforço dos empresários da restauração.

Pois este PM não foi nisso e respondeu de forma taxativa que não. Mas a sua resposta, de resto muito idêntica na forma a tantas outras, é um bom indicador. Não estou a avaliar a medida em si nem os seus efeitos. Estou a referir-me ao posicionamento e à visão que este PM tem sobre as suas politicas e sobre o país.

Seria muito mais fácil a Passos assumir, ainda que falsamente, uma ponderação de redução do IVA, ganharia provavelmente mais votos com isso. Mas esse é um caminho, o caminho do eleitoralismo, que já percebemos que não será percorrido por este PM. E isso é bom.

Pode custar-lhe votos? É evidente que sim. Mas aqui a questão não deverá debruçar-se sobre os votos potenciais que perderá Passos. Deve sim refletir uma outra realidade. Quanto perdemos nós se continuarmos a preferir ouvir aquilo que é mais agradável em vez daquilo que é verdade? 

Mas iguais exemplos se retiram desta entrevista. Mais um exemplo, sobre o sistema de pensões, em confronto com a pergunta da pensionista, onde o PM avançou ainda que não pode prometer que o sistema de pensões seja intocável nos próximos quatros anos, assumindo mesmo que era imperativa uma reforma do sistema de segurança social para garantir estabilidade e sustentabilidade e relembrando também que cerca de 85% dos pensionistas não só não sofreram cortes como ainda viram as suas pensões aumentadas.

Passos, em vez de se aproveitar do momento para alguma da tradicional campanha optou por fazer uma campanha ao seu estilo. Preferiu a dureza da verdade e da sinceridade a vestir a pele do vendedor de sonhos. E isso, considerando o que passámos, traz confiança.

Claro que a oposição, sobretudo o PS pela voz daquele que se está a “marimbar” para os credores e para a divida, voltou a reagir utilizando uma linguagem imprópria e quase insultuosa.

Prova que Passos esteve bem. E isso, como é natural, desespera o PS. 

* deputado do PSD