Vaticano destaca importância da Mata do Buçaco

O jornal L’Osservatore Romano, principal publicação do Vaticano, destacou esta quinta-feira a importância ambiental e religiosa da Mata Nacional do Buçaco. O artigo surge no seguimento da encíclica Laudato Si, onde o Papa Francisco mostrava a sua preocupação com o ecossistema e a preservação do património ambiental.

Segundo um comunicado da Fundação Mata do Buçaco (FMB), aquela zona a Norte de Coimbra foi visitada em Janeiro pelo monsenhor Francisco Xavier Frojan Madero, da Secretaria de Estado do Vaticano, a convite do presidente da Câmara Municipal da Mealhada, Rui Marqueiro e da FMB. É Francisco Madero quem agora assina o artigo publicado no jornal do Vaticano, pouco mais de um mês após a divulgação da famosa encíclica.
 
O artigo do L’Obsservatore Romano começa precisamente com uma referência a Laudato Si, onde o Papa refere que o ecossistema “é um empréstimo que cada geração tem para receber e transmitir à próxima geração”. O jornal lembra depois que, ao longo da História, também há bons exemplos de reconhecimento e preservação dos “valores da natureza, como a harmonia, a paz, o silêncio e a beleza”.
 
Um desses exemplos é a Mata Nacional do Buçaco, que segundo o ‘jornalista’ é uma “floresta de beleza incomparável que se localiza a norte da serra do mesmo nome, na região da Beira Litoral, no Centro de Portugal. Tem 105 hectares de colinas íngremes, afloramentos rochosos e vales profundos e húmidos, cheios de vegetação frondosa”. Monsenhor Francisco Madero destaca ainda que o espaço “foi criado pelos frades carmelitas descalços. Em 1628, no meio da floresta, foi a pedra o elemento fundamental para a construção de um pequeno e humilde convento consagrado à adoração da Santa Cruz e erguido um muro alto que recintava toda a propriedade”, cita a nota da FMB.
 
O artigo refere também a importância das duas bulas papais concedidas ao local, cujo texto pode ser visto no miradouro das Portas de Coimbra. De acordo com o comunicado da Fundação, “estes elementos gravados em pedra datam de 1622 e 1643 e ditavam as principais regras da Mata: interdição da entrada de mulheres nos conventos carmelitas e, portanto, também no Convento de Santa Cruz do Buçaco, sob pena de excomunhão; e sentença de excomunhão para quem destruísse árvores e apanhasse madeira”.
 
O artigo do Vaticano termina com mais um rasgado elogio: “‪A Mata Nacional do Buçaco, lugar mágico de grande valor natural e rica em história, arte, cultura e espiritualidade, é prova de como um património natural, com a sua dupla dimensão, material e imaterial, é um tesouro precioso que cada geração deve passar para as gerações futuras.”