O retrato como espelho do olhar

Uma visão sobre a multiplicidade que caracteriza o retrato do século XX é a proposta de ‘Olhos nos Olhos – O Retrato na Colecção do CAM’, exposição patente desde o início desta semana na Fundação Calouste Gulbenkian. Este olhar é possível através dos 140 retratos seleccionados por Isabel Carlos, directora do Centro de Arte Moderna…

São várias as correntes artísticas representadas, desde um registo mais naturalista, estética do século XIX, até um registo de desconstrução próprio, como é exemplo a produção do século XX. Almada  Negreiros, Paula Rego, Dordio Gomes, Candido Portinari, Michael Andrews, Mário Cesariny e Helena Almeida são alguns dos artistas que compõem a exposição, onde estão incluídos vários auto-retratos de alguns dos nomes fundamentais da arte do século XX como Ofélia Marques, Carlos Botelho,  Ana Hatherly e Victor Palla.

“Há artistas que retratam sobretudo quem lhes é próximo e outros que retratam pessoas célebres, como é o caso do Andy Warhol”, refere Isabel Carlos, reforçando que o CAM “tem muitos retratos”. “É interessante ver a influência de Fernando Pessoa, retratado por Almada Negreiros, António Dacosta ou Costa Pinheiro – três autores de épocas e estilos completamente diferentes, mas fascinados pela silhueta do poeta”.

Com o percurso proposto, a directora quer que os visitantes procurem “a contemplação, sem pressa” nas obras expostas. “O título ‘Olhos nos Olhos’ remete não apenas para o olhar do espectador que fita o retratado, mas também para o olhar do artista que observa o outro quando o retrata”.