O que vale mais, um Ferrari ou acções da empresa?

A Fiat Chrysler entregou na semana passada a documentação necessária para integrar a Ferrari na Bolsa de Nova Iorque. A decisão de dispersar parte do capital já era conhecida há vários meses, mas ainda não se arrisca o efeito para a histórica fabricante italiana no longo prazo. Há até quem compare o valor das futuras…

Essa pergunta foi feita pela agência Bloomberg, que arriscava até em título que “comprar um Testarrossa pode ser um melhor investimento” do que comprar acções da Ferrari. E a razão é simples: os valores dos Ferrari clássicos têm subido vertiginosamente nos últimos anos, sendo alguns vendidos em leilão por várias dezenas de milhões de euros.

Um exemplo recente foi o de um Ferrari 250 GT California Spyder, que em tempos pertenceu ao actor francês Alain Delon. O modelo bastante raro foi encontrado em Setembro do ano passado debaixo de jornais, junto de outros automóveis também valiosos, numa propriedade francesa. Acabou por ser vendido em leilão, em Fevereiro, no estado em que tinha sido encontrado, por 14,2 milhões de euros.

Segundo Rob Johnson, director da Kirtlington – uma empresa financeira especializada em automóveis clássicos – mesmo os modelos Testarossa dos anos 80 duplicaram o valor nos últimos 12 meses. “Os preços podem não crescer assim para sempre, mas também não vão baixar, porque se trata de activos tangíveis”, afirmou Johnson, citado pela Bloomberg.

O objectivo da venda da Ferrari é ajudar a Fiat Chrysler a financiar um vasto programa de investimentos de 48 mil milhões de euros e desenvolver melhor as marcas Jeep, Alfa Romeo e Maserati – a fabricante de luxo que permanecerá no grupo italo-americano.

Do lado da Ferrari, uma marca desportiva de luxo conhecida em qualquer parte do mundo, a ideia é fazer com que seja tão apetecível para accionistas como empresas da área da moda como a Louis Vuitton ou a Hermès. Estima-se que a Ferrari tenha um valor superior a 11 mil milhões de dólares, quase 10 mil milhões de euros.

Ainda este ano serão vendidos ao público 10% da Ferrari, outros 80% deverão ser comprados por accionistas actuais do grupo Fiat Chrysler Automobiles, e os restantes 10% devem permanecer nas mãos de Piero Ferrari, filho do fundador da empresa, Enzo.

No entanto, e apesar de os carros ‘usados’ da Ferrari à venda por esse mundo fora não serem muito mais do que alguns milhares, para um investidor atento e interessado em carros pode ser mais fácil ganhar dinheiro a vendê-los em leilão – ou a esperar que valorizem com o passar dos anos – do que a comprar acções da Ferrari na Bolsa de Nova Iorque e esperar pelos dividendos, ou que também estas subam muito o seu valor.

emanuel.costa@sol.pt