BPI soma e não segue

Ulrich tirou o banco dos prejuízos, mas o impasse accionista sobre a fusão está por clarificar. Isabel dos Santos não vai desistir de união com o BCP.

A indefinição accionista não sai do horizonte do BPI. Depois de uma proposta de aquisição do espanhol CaixaBank ter sido rejeitada por Isabel dos Santos ainda antes do Verão, Fernando Ulrich responde agora com uma ‘nega’ à fusão com o BCP contraproposta pela empresária angolana. Quando o sector bancário europeu está num processo de consolidação, a perspectiva de curto prazo que se coloca ao BPI é estacionária: ficar tudo na mesma.

Ulrich aproveitou a apresentação dos resultados semestrais do banco para matar a discussão sobre a fusão BCP+BPI. «A única coisa que posso dizer é que não está na agenda da comissão executiva do banco», adiantou o presidente-executivo do BPI, reforçando mais tarde: «Não estamos a trabalhar nesse tema, nem contamos trabalhar nesse tema».

Os resultados semestrais até foram positivos – 76 milhões de euros de lucro, face a prejuízos de 107 milhões no mesmo período do ano passado – mas o banco não deverá livrar-se das divergências entre accionistas. O CaixaBank tem 44% do BPI, mas não pode reforçar a sua posição sem luz verde de Isabel dos Santos, por questões estatutárias. Podem vender essa posição, mas os catalães têm uma relação histórica com Artur Santos Silva e Ulrich. Seria o fim de uma aliança com duas décadas.

Já Isabel dos Santos tem quase 19% do banco e precisaria de apoio dos espanhóis para uma fusão com o BCP. Ao que o SOL apurou, a empresária não desistirá de tentar a união: está convicta da inevitabilidade de um processo de consolidação e que só o ganho de escala poderá levar ao desenvolvimento do BPI. Mesmo que não tenha condições para avançar no curto prazo, a fusão colocar-se-á no futuro, segundo as fontes contactadas pelo SOL.