Ponte da Barca

Um pouco ofuscada pelo esplendor da vizinha e mediática Ponte de Lima, Ponte da Barca, situada na margem esquerda do rio Lima e nos limites exteriores do território do Parque Nacional da Peneda-Gerês, merece bem uma visita. 

Antiga Terra da Nóbrega, o seu actual topónimo deve-se à barca que fazia a ligação entre as duas margens, num local que desde o século XIII era muito utilizado para a travessia do rio, por aí ser fácil de cruzar. E que integrava dois caminhos de peregrinação: o de Braga, para Santiago de Compostela, e o de Ribeira Lima, para Ourense. 

A ponte, construída em meados do século XV (1450), veio dar à povoação o nome de S. João de Ponte da Barca, que em 1513 recebeu foral do rei D. Manuel, com o intuito de aí fixar população – pois até então era essencialmente um local de passagem. 

Hoje, esse conjunto formado pela ponte e a sua extremidade Sul, com o Pelourinho, o ribeirinho Jardim dos Poetas, o Mercado Pombalino e todo o casario do centro histórico da vila, com destaque para a Igreja da Misericórdia e para a Igreja Matriz, é um encanto para os olhos e um descanso para a alma. 

A ponte, classificada Monumento Nacional em 1910, é uma notável ponte medieval da primeira metade do século XV. Tem um tabuleiro com 180 metros de comprido, assente sobre dez arcos quebrados desiguais, sendo oito originais e os dois centrais do século XVIII. Estes últimos resultaram de uma remodelação para permitir o cruzamento simultâneo de dois carros de bois, que também introduziu os dois espaldares barrocos centrais: um com as armas da vila, outro com a esfera armilar. 

Opelourinho, erguido no século XVI e igualmente classificado Monumento Nacional em 1910, assenta num soco de quatro degraus quadrangulares. É constituído por uma simples coluna cilíndrica em granito, encimada por uma esfera de grande dimensão com as armas reais de D. Manuel, a Cruz de Cristo e as faixas do brasão dos Magalhães (donatários da vila e a cuja família pertencia o navegador Fernão de Magalhães). o remate, alterado no início do século XVIII, consta de uma pirâmide de secção quadrada que termina em bola. 

Originalmente, o pelourinho localizava-se no Largo da Misericórdia, mas no início do século XX foi removido para o sítio actual, no Jardim dos Poetas, fronteiro ao antigo mercado. Este, também designado Abrigo Porticado ou Mercado Pombalino, é um largo alpendre franqueado por arcadas, erigido em 1752 para abrigar feirantes à entrada da ponte. 

O conjunto de edifícios da Rua da Fonte Velha data do século XVI e, segundo a tradição, o rei D. Manuel terá aí pernoitado (na casa situada frente ao Largo do Pelourinho, pertença da família do Cardeal Alpedrinha) no regresso de uma peregrinação a Santiago de Compostela. 

Mais à frente, a Fonte de S. João, edificada em 1501, segundo a inscrição aí gravada, é uma fonte barroca de espaldar, com palestras laterais, encimada por cornija e com uma imagem num nicho central. 

Mas sucedem-se os largos e as ruelas, em diferentes níveis, formando recantos de singela beleza que convidam ao soltar da imaginação. Não é por acaso que todo aquele espaço arborizado ribeirinho se chama Jardim dos Poetas…