Le Monde, França
O fim de um momento traumático na história também levou ao aparecimento do mais influente jornal de língua francesa. A 19 de Dezembro de 1944 publica-se o primeiro número do diário criado a pedido do general de Gaulle, e cujo director, Hubert Beuve-Méry, exigiu a garantia de liberdade editorial. Farol do republicanismo liberal nos seus textos, a sua distribuição de capital é também um produto da ideologia pós-guerra. Entre os accionistas está um grupo formado pelos jornalistas da casa e por membros da sociedade civil, totalizando cerca de 25% das acções. Actualmente, 64 % do capital está nas mãos de um grupo de três nomes: Pierre Bergé, Matthieu Pigasse, Xavier Niel e, também uma parte, do espanhol Prisa. Mas no essencial, o diário nascido da libertação de Paris, continua francês.
El País, Espanha
É um jornal novo, nascido na democracia, com o seu primeiro número publicado a 4 de Maio de 1976, seis meses após a queda de Franco. Pela proximidade geográfica e pelas semelhanças entre as transições quase simultâneas para regimes democráticos, o El País – o diário espanhol líder de vendas – é uma referência para a imprensa e leitores portugueses. Foi criado pela Prisa, um grupo cujo principal accionista era Jesus de Polanco. O seu primeiro director (e até 1988) Juan Luis Cebrián, subiu na hierarquia e é actualmente o CEO. Embora o grupo mantenha o seu carácter espanhol, 51% das acções foram compradas, em 2010, pelo fundo norte-americano Liberty. Há outros motivos para haver proximidade entre nós e o El País: o grupo Prisa detém (quase na totalidade) a Media Capital, a dona da TVI.
The Guardian, Reino Unido
O Guardian pertence ao Scott Trust, um fundo criado pelo milionário e benemérito John Scott, que em 1936 cedeu a sua propriedade do jornal a este fundo, ficando sem nada. O objectivo era garantir ad aeternum não só a sustentabilidade como a independência editorial. Estes pergaminhos permitiram ao jornal liderar a inovação e a investigação. A velha raposa que soube adaptar-se aos tempos nasceu local, em 1821, em Manchester e em 1964 mudou-se para Londres, já diário nacional de centro-esquerda e livre pensador. Actualmente dirigido por uma mulher – a primeira após 11 directores, e eleita pela redacção – o jornal foi pioneiro no jornalismo de investigação, na abertura de secções nobres de lifestyle e na sua operação online, integralmente gratuita e que é o 5.º site de notícias mais visto do mundo. Em 2014 ganhou o Pulitzer com o dossiê Snowden.
New York Times, Estados Unidos
Em 1896, Adolph Ochs comprou o The New York Times – um jornal com 45 anos e a perder dinheiro. Ainda hoje, são os Ochs-Sulzberger quem controla a complexa estrutura accionista de um dos jornais mais influentes do mundo, com cerca de 1 milhão de exemplares vendidos por dia. Recentemente, Carlos Slim, um dos homens mais ricos do mundo, tomou, graças a vários empréstimos que fez, o total de 16,8% das acções, tornando-se o maior accionista em nome individual. Mas isso não lhe dá o controle. De forma a poderem ter a empresa cotada em bolsa, mas sem perderem a última palavra sobre questões fulcrais, os Och-Sulzberger implementaram uma estrutura de ‘castas de acções’. Só as de classe B (das quais a família controla 88%) dão direito a voto na principais decisões. O resto é o dinheiro a não poder falar. Outros grupos de media norte-americanos têm o mesmo esquema.
O Globo, Brasil
Para nós – e para mihões no mundo – Globo significa telenovela, desde a Gabriela, Cravo e Canela. Mas o grupo que detém a principal cadeia de ficção da América do Sul, a Rede Globo, é também dono do diário de notícias com maior circulação no Brasil, cerca de 320 mil exemplares por dia. O conservador O Globo, sedeado no Rio de Janeiro, foi fundado em 1925, por Irineu Marinho. Hoje a titularidade e o controle dos destinos do grupo ainda está sob o apelido Marinho. E no site da Bloomberg, entre os principais milionários dos media conta-se o nome de João, Roberto e José – na 9.ª, 10.ª e 11.ª posição. Todos Marinho, claro, fazendo da família um caso único no mundo.
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