Igreja admite suspender padre Frederico

Pela primeira vez, em 22 anos, a Diocese do Funchal está a estudar o caso do padre Frederico e fala em «pena de suspensão».

A Diocese do Funchal está a estudar a suspensão do padre Frederico, mais de vinte anos depois de o brasileiro ser condenado pelo homicídio de um jovem de 15 anos, na Madeira. A decisão de reavaliar a abertura de um inquérito surge depois de o SOL ter publicado no mês passado um trabalho sobre o dia-a-dia, no Rio de Janeiro, de Frederico Marcos da Cunha – foragido da Justiça portuguesa desde 1998. Segundo adianta a Diocese do Funchal, as medidas poderão ir além da suspensão. 

Em declarações ao SOL, no último mês, o padre Frederico admitiu que celebra missa numa pastoral do Rio de Janeiro, cidade em que vive actualmente com a mãe. Garantiu ainda  que o  faz  por ser considerado sacerdote pela Diocese do Funchal, uma vez que esta nunca o expulsara.

Após ter tido conhecimento das suas declarações, a Diocese do Rio de Janeiro fez algumas diligências e a do Funchal acabou por iniciar uma análise ao caso. «A Diocese do Funchal está a estudar e a ponderar as medidas a tomar e também a pena de suspensão ou outras», admitiu esta semana fonte oficial.

Tendo em conta as informações reveladas há dias, a mesma fonte adiantou que «qualquer actividade que [Frederico] possa estar a exercer é sem o conhecimento não apenas da Diocese do Funchal mas de qualquer diocese do Brasil».

A ser aberto um procedimento formal, é a primeira vez em mais de vinte anos que a Igreja abre um inquérito interno sobre este caso. 

O padre condenado pelo assassínio de Luís Miguel, em 1992, não quis especificar em que pastoral do Brasil celebra missa para evitar «confusões», mas confirmou não pertencer a nenhuma diocese brasileira. «É verdade, não estou ligado à Igreja Católica pelo Rio de Janeiro, a minha diocese é a Diocese do Funchal, sempre foi. Nunca mudei a minha diocese», afirmou, explicando que «só tinha de estar ligado à Diocese do Rio se fosse para uma paróquia da cidade».