Passos e Portas puxam pela maioria absoluta

“Um resultado politicamente inequívoco”, pediu Pedro Passos Coelho, na Festa do Pontal, que marcou a rentrée política da coligação. Um apelo à maioria absoluta, sem a mencionar, num discurso com uma palavra-chave: estabilidade. 

Pela primeira vez o CDS participou da tradicional festa laranja que todos os anos dá o pontapé de saída para o ano político. Passos Coelho e Paulo Portas subiram ao palco lado a lado para cumprimentar as mais de 3500 pessoas que encheram a calçada de Quarteira, a maior festa destes quatro anos de Governo, garantiu a organização.

Nos discursos de Passos e Portas o foco dividiu-se entre apontar baterias ao PS, e lembrar até à exaustão que foi por culpa dos socialistas que Portugal precisou de fazer sacrifícios, acenando com a situação da Grécia, e garantir que é com a coligação que Portugal terá estabilidade. Com um objectivo: captar os indecisos e puxar pela maioria absoluta.

Os portugueses não se devem meter em “aventuras de destino incerto”, avisou Portas, para uma plateia que contou com muitos ministros e secretários de Estado. “Quem representa o factor de confiança?”, questionou o líder do CDS, numa alusão ao slogan dos socialistas. “O PS levou o país à bancarrota”, respondeu. Na mesma linha, Passos questionou: “Porque razão colocar em causa tudo o que passámos?”. “Valerá a pena suscitar nas próximas eleições o problema político da estabilidade governativa da confiança e segurança que o Governo precisa de ter para fazer o que é preciso?”

Passos não mencionou a maioria absoluta, mas a intenção estava lá ao pedir um “resultado politicamente inequívoco”. “Um resultado que nos permita governar para resolver os problemas pessoas e não andar à procura de como é que se resolve os problemas do Governo. Porque se o resultado não for inequívoco, o próximo Governo há-de ser seguramente um Governo cheio de problemas e isso seria um problema adicional para os portugueses”, pediu. Já Portas lembrou que a coligação é um “projecto maioritário” que é “conhecido” e que as pessoas “sabem onde queremos levar o país”.

Cauteloso, Portas lembrou que não há “nenhuma euforia” mas também “nenhum desespero” e acusou o líder do PS de dividir os portugueses: “Quem quer ser primeiro-ministro não divide os portugueses entre nós e eles”. O líder dos centristas quis ainda deixar “reflexões aos que meditam”, aos indecisos, elencando um conjunto de bons indicadores do Governo, como as exportações ou o turismo.

Passos acenou com o fantasma da Grécia, que já vai no terceiro resgate com “mais troika, mais dívida, mais tudo”, para fazer o contraponto com Portugal. “Os portugueses sabem do que se livraram”, disse.

Depois das dificuldades de governar com a troika, o líder do PSD pediu aos portugueses para deixarem a coligação governar “em tempos normais”. A despedida foi feita ao som do hino de Portugal.