Greve dos enfermeiros na região Centro com 70% de adesão

O presidente do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP), José Carlos Martins, afirmou hoje em Coimbra que a adesão à greve dos enfermeiros na região Centro é de 70,1% no turno da manhã.

A adesão durante o turno da noite foi de 72,8% e de 70,1% no turno da manhã, informou José Carlos Martins, numa conferência de imprensa à frente do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC), considerando que os níveis de adesão mostram o descontentamento dos enfermeiros.

Segundo o dirigente sindical, a adesão durante o turno da noite não terá tido impacto nos serviços.

Já durante a manhã, adiantou, há impacto "nos serviços em que os enfermeiros não têm dever legal de comparecer", sendo expectável que "não haja consultas de enfermagem nos centros de saúde, nas consultas externas dos hospitais e também que não haja cirurgias programadas, como não está a haver na generalidade dos blocos da Região Centro".

O sindicato exige "as 35 horas semanais", uma revisão da grelha salarial, o reposicionamento dos "cerca de dez mil colegas que estão em contrato individual de trabalho" e um suplemento remuneratório para enfermeiros especialistas.

José Carlos Martins defendeu também a contratação de "mais enfermeiros", porque os atuais "estão cansados e exaustos, para além de ganharem mal", recordando que entre 2014 e junho de 2015 "2495 enfermeiros abandonaram as instituições" onde trabalhavam.

O presidente do SEP afirmou também esperar que "haja contrapropostas", após as greves, que começaram em Lisboa, Alentejo e Algarve, de 11 a 13 de agosto, e que agora se estendem às regiões do Centro e Norte.

"Após as greves, têm de se concretizar reuniões em setembro, que levem a uma aproximação das posições", disse, referindo que o ministério, até ao momento, só apresentou uma contraproposta relativa à harmonização salarial dos profissionais em contrato individual de trabalho.

Em nota de imprensa enviada à agência Lusa, o Ministério da Saúde frisa que a proposta apresentada pelo Governo às estruturas sindicais "visa proceder à harmonização do regime remuneratório através da celebração de um acordo coletivo de trabalho", que permitirá "o reposicionamento remuneratório dos trabalhadores enfermeiros contratados que aufiram remuneração inferior à primeira posição remuneratória" da tabela aplicável aos enfermeiros com contrato de trabalho em funções públicas.

O ministério sublinhou também a abertura demonstrada "para negociar a passagem para a categoria de enfermeiro especialista" e que é "clara a vontade do Governo em assegurar a harmonização de regimes de trabalho, incluindo o remuneratório, de todos os enfermeiros que exercem funções no Serviço Nacional de Saúde".

O Governo recorda ainda que foram agendadas duas novas reuniões, a 25 de agosto e a 08 de setembro, esta última pedida para ser reagendada pelas estruturas sindicais para 15 de setembro, para que seja concluído o processo negocial.

Lusa/SOL