Não temos ilhas à venda, mas temos imóveis únicos

A notícia recente a dar conta de que a agência de rating Standard & Poor’s (S&P) projecta, no presente ano, uma subida de preços das casas em Portugal da ordem dos 4%, numa tendência que – diz – deverá manter-se nos próximos anos, é um sinal claro da recuperação que se verifica no sector e…

Mas tão ou mais importante do que esta opinião é o reconhecimento por parte desta agência de que o imobiliário em Portugal não suportou uma explosão de preços, idêntica à que ocorreu noutros países da OCDE, pelo menos na última década do século XX e na primeira do século XXI. Manteve-se nos últimos tempos numa estabilidade pouco eufórica mas, e o sublinhado é meu, ‘sem sinais de uma bolha imobiliária’.

Na Zona Euro, melhor comportamento dos preços no sector imobiliário só na Irlanda (9%) e na Alemanha (5%), situação que reflecte o que tenho vindo a dizer, sem o peso da Standard & Poor’s: ‘a recuperação económica e o cada vez maior interesse estrangeiro no mercado imobiliário está a contribuir para o aumento do preço das casas em Portugal’. Boas projecções para um país que quer resistir às vicissitudes.

Devo lembrar que a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) tinha, no final do primeiro trimestre de 2014, elaborado um estudo onde referia que os preços do imobiliário em Portugal, como na Alemanha e na Irlanda, eram então muito competitivos, pois estavam em baixa e com tendência para a valorização. Ao contrário do que acontecia com o imobiliário do Reino Unido, da Nova Zelândia, da Austrália, do Canadá, da França e da Noruega.

Valores e tendências do imobiliário português que foram sempre confirmados pelos números do Eurostat, o gabinete comunitário de estatísticas, e já em 2014 revelavam um comportamento muito positivo do mercado imobiliário português, a afirmar-se como uma oferta apetecível para a procura de investidores tradicionais, estrangeiros ou nacionais.

Em Portugal – sempre o disse – o imobiliário comportou-se sempre na linha de uma valorização consistente, confirmando-se como claramente artificial e provocada uma desvalorização ocorrida no passado. Neste campo, o desafio há muito que continua a ser o da nossa capacidade em promover a oferta de qualidade, uma oferta em várias frentes. Não temos ilhas para venda, mas temos casas solarengas a Norte, quintas em regiões como do Douro ou imóveis centenários em cidades com história e vocação turística como Lisboa e Porto.

Não faltam alternativas à mais badalada prenda de casamento do mais badalado casamento ocorrido em Agosto em Portugal, jóias de um imobiliário que se comporta como um pilar de uma economia que abanou fortemente mas não caiu, mostrando-se aliás capaz de resistir e de renascer.

Não temos – repito – ilhas à venda, mas temos imóveis únicos. Às vezes, o que falha, é apenas um pormenor de aconselhamento.

*Presidente da APEMIP, assina esta coluna semanalmente