Faleceu António Gaio, diretor do festival de cinema de animação Cinanima

António Gaio, diretor do Cinanima – Festival Internacional de Cinema de Animação de Espinho e figura de referência no universo português desse género artístico, faleceu esta madrugada aos 90 anos, informou hoje a organização do certame.

"Apesar da sua avançada idade e de alguns problemas relacionados com esse facto, ficámos pesarosamente surpreendidos com este súbito desenlace", lê-se no comunicado assinado pela Nascente – Cooperativa de Ação Cultural e pela Comissão Organizadora do Cinanima.

"Neste triste circunstância, sublinhamos o papel fundamental que António Gaio teve durante mais de 30 anos na condução e afirmação do Cinanima como grande festival de cinema e no reconhecimento da cooperativa Nascente como instituição cultural de relevo em Espinho", acrescenta o documento.

Realçando também a sua "intensa atividade noutros campos e noutras associações", os autores do comunicado anunciam que a melhor homenagem a prestar a António Gaio é "dar continuidade ao seu trabalho, quer no Cinanima, quer na Nascente".

Natural de Espinho e bancário de profissão até à sua reforma em 1987, António Ferreira Gaio assumia a direção do Cinanima desde 1981, tendo sido durante a sua gestão que o evento atingiu o prestígio e notoriedade que lhe são reconhecidos atualmente.

Nessa qualidade, presidiu por duas vezes ao júri dos concursos do antigo ICAM – Instituto do Cinema e do Audiovisual para atribuição de subsídios, participando também em diversas atividades de promoção da cinematografia de animação em Portugal e no estrangeiro.

Colecionador de banda desenhada, em 2000 publicou o livro "História do Cinema Português de Animação – Contributos", também disponível numa edição em CD.

Ainda segundo a biografia disponibilizada pela Nascente, António Gaio também esteve ligado a outros géneros da Sétima Arte através do Cineclube de Espinho, onde procurou exibir "os filmes que não passavam no circuito comercial devido à censura".

Já noutros domínios da atividade cultural, ocupou diferentes cargos redatoriais no Boletim da Associação Académica de Espinho, no jornal "Rumo" e no semanário local Defesa de Espinho, sendo, aliás, um dos fundadores do jornal Maré Viva.

A sua intervenção pública verificou-se também ao nível político e desportivo. No primeiro caso, integrou a Comissão Administrativa da Câmara Municipal de Espinho após o 25 de Abril, entre 1974 e 1976, tornando-se vereador em 1977, por três anos, e membro da Assembleia Municipal, no mandato de 1980 a 1982.

No desporto, por sua vez, foi dirigente do Sporting Clube de Espinho e da Associação Académica de Espinho. Nesta última, ocupou diversos cargos de direção e gerência ao longo de 28 anos, tendo fundado a Secção de Ginástica em 1945 e integrado a comissão que levou à construção do Pavilhão Arquiteto Jerónimo Reis.

O funeral de António Gaio realiza-se no próximo domingo, pelas 10:30, na Igreja Matriz de Espinho.

Lusa/SOL