Pescadores do sul de Espanha criticam plano de apanha de sardinha dos portugueses

Os pescadores de sardinha do Golfo de Cádiz (Andaluzia, sul de Espanha) asseguram que têm um plano de apanha que cumpre os limites de captura acordados e lamentam que os pescadores de Portugal não tenham um plano igual.

"Os pescadores do Golfo de Cádiz cumprem escrupulosamente o limites de captura (entre 2.000 e 3.000 quilos por dia e por barco), as restrições de captura aos fins de semana, as paragens por motivos biológicos. Tudo conforme os acordos [entre Espanha e Portugal]", disse à agência Lusa o presidente da Federação Andaluza de Empresários de Pesca, Pedro Maza.

A Câmara Municipal e a Associação de Pescadores e Armadores da Nazaré entregaram hoje no Ministério da Agricultura e do Mar as últimas sardinhas capturadas pelos pescadores locais, juntamente com um pedido ao Governo: "deixem os pescadores trabalhar".

Esta ação simbólica pretendeu sensibilizar o Governo para negociar a quota sugerida pelo Conselho Internacional para a Exploração dos Mares (ICES), que contestam. Apesar de não ter um caráter obrigatório, o parecer do ICES é em geral adotado por Portugal e Espanha, uma vez que a consequência é a União Europeia passar a gerir o 'stock' de sardinha ibérica.

Já em abril, várias associações de produtores portugueses acusaram Madrid de "adulterar" a chave de repartição da pesca da sardinha, prevendo pescar mais do que antes, algo que o governo espanhol negou.

"Os pescadores de Cádiz são os últimos que podem ser criticados nesta matéria. Acho que os pescadores do Norte de Espanha e de Portugal não podem dizer o mesmo", salientou Pedro Maza, para quem os pescadores portugueses não têm um plano de gestão da espécie tão eficaz.

Pedro Maza sublinhou que os pescadores de sardinha dos vários portos do Golfo de Cádiz (Isla Cristina, Sanlúcar, Cádiz ou Barbate) respeitam esse plano desde 2004 e que a maioria do peixe desta espécie que apanham é para consumo em fresco e na zona, não para exportar para Portugal.

Alfonso Reyes, Patrão Maior da Confraria de Pescadores de Barbate, insistiu que os pescadores portugueses – que já chegaram ao limite de apanha – e os do Norte de Espanha (especialmente da Galiza) não têm um plano de gestão da captura que respeite a espécie.

Reyes acrescentou que a maioria da sardinha apanhada este ano pelos pescadores da zona tem sido em bancos de pesca em Marrocos (em virtude de um acordo entre os dois países).

"A apanha de sardinha local este ano foi de 10% em relação aos anos anteriores", sublinhou.

Lusa/SOL