Mulheres sauditas votam hoje pela primeira vez

Um grande passo para a Arábia Saudita, um passo já dado pela esmagadora maioria dos países: nas eleições municipais de Dezembro, as mulheres vão poder, pela primeira vez, votar – e concorrer como candidatas. As sauditas com pretensões aos cargos públicos disponíveis podem inscrever-se a partir de domingo, as futuras eleitoras já se estão a…

No caso saudita, onde uma restrita interpretação da lei islâmica rege a sociedade, alargar o sufrágio às mulheres é também um passo em frente no caminho da moderação. Dita a sharia que elas não podem conduzir. E que não podem viajar sem a permissão de um guardião masculino, o mesmo que tem também a última palavra no que diz respeito a autorizar a cidadã saudita a tirar um curso superior ou a trabalhar, entre outras garantias básicas – todas subordinadas a uma vontade masculina, no reino de Saud.

O homem que concedeu às súbditas o privilégio do voto não poderá assistir ao momento. Falecido em Janeiro, foi o Rei Abdullah que em 2011 desenhou a meta de 2015 para o voto feminino – ano em que se completa uma década desde as primeiras eleições municipais da monarquia.

O sufrágio no feminino na sociedade ultraconservadora é sinal de mudança, ainda que os poderes dos conselhos municipais (com 2/3 de eleitos e 1/3 de nomeados) sejam limitados, remetendo para aprovações de orçamentos, supervisão de projectos imobiliários, etc. E ainda que o sistema segregacionista se mantenha na hora de votar: homens e mulheres terão mesas de voto distintas.

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