Comunidade de Santo Egídio. Europa deve ‘construir uma sociedade mestiça’

A Europa deve acolher os migrantes, mas também integrá-los, para “construir uma sociedade mestiça”, aconselhou hoje o fundador da Comunidade de Santo Egídio, organização católica dedicada ao diálogo inter-religioso, à mediação de conflitos e à integração dos imigrantes.  

Comunidade de Santo Egídio. Europa deve ‘construir uma sociedade mestiça’

"O enorme problema da imigração obriga a Europa a repensar as suas responsabilidades: ela deve acolher, mas também integrar, e construir uma sociedade mestiça", afirmou Andrea Riccardi, historiador e antigo ministro italiano, à agência France Presse.

Para sublinhar a necessidade de uma tal ação, Riccardi evocou os "cinco milhões de sírios prontos para abandonar o país" por já não poderem viver nele devido à guerra que já fez mais de 230.000 mortos.

Entre 06 e 08 de outubro, a comunidade vai reunir em Tirana (Albânia) representantes das grandes religiões mundiais, da política e da cultura "para pôr fim aos conflitos que estão na origem da pobreza e das grandes migrações".

"A verdadeira urgência são as guerras e não os refugiados", frisou o fundador da organização, conhecida pela influência no diálogo inter-religioso, a integração dos imigrantes e a mediação de conflitos.

Para ajudar os refugiados, explicou, a comunidade apresentou ao Governo de Itália um projeto de "corredores humanitários", que permitam evitar que os migrantes arrisquem a vida em travessias perigosas, incluindo a criação de centros no Líbano e em Marrocos, para dar assistência aos candidatos antes de partirem.

As autoridades italianas estão a discutir a proposta "há seis meses", mas ainda não deu uma resposta.

"Queremos lançar em Tirana uma mensagem que seja testemunho de uma nova audácia de paz da parte das religiões", levadas por vezes "a justificar a guerra", disse.

Relativamente à "terceira guerra mundial em retalhos" e ao acolhimento de migrantes, sobre os quais o papa Francisco tem manifestado forte preocupação, Riccardi apelou aos responsáveis católicos que transmitam a mensagem de "um homem que é a consciência do mundo".

"Francisco é um homem lúcido que fala com o coração, mas também com grande realismo. Não devemos habituar-nos às suas palavras nem deixá-lo sozinho", disse.

Segundo Riccardi, a Comunidade de Santo Egídio está envolvida em mediações para a resolução de conflitos como os da Síria, Burundi, Líbia, Mali, República Centro-Africana e Senegal.

Lusa/SOL