Vistos Gold. Motorista de Miguel Macedo também recebeu presentes de um chinês

Durante o interrogatório conduzido hoje pela procuradora Susana Figueiredo, do Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP), o ex-ministro Miguel Macedo não foi apenas confrontado com os presentes que recebeu de Zhu, um dos cidadãos chineses arguidos no processo dos Vistos Gold, no Natal de 2014, mas também com um presente que por essa…

Vistos Gold. Motorista de Miguel Macedo também recebeu presentes de um chinês

Nas vésperas de Natal, e por intermédio de António Figueiredo, então presidente do IRN, o cidadão chinês decidiu agraciar Jaime Gomes, amigo e antigo sócio de Miguel Macedo, o então ministro da Administração Interna e o motorista deste último. Jaime recebeu vinho, Macedo recebeu duas garrafas de vinho e três volumes de tabaco e o motorista de Macedo recebeu um envelope vermelho, de conteúdo desconhecido.

Durante o interrogatório levado a cabo hoje – e agendado já desde o início de Agosto -, Miguel Macedo teve ainda de responder a várias perguntas sobre telefonemas, encontros e jantares, planos de constituição de empresas na China e ordens dadas para criar um cargo de oficial de ligação na China.

Acórdãos da Relação de Lisboa datados de Abril já davam conta de que para o Ministério Público “é claro e cristalino” que Miguel Macedo é “o único responsável político” com “directa participação nos factos” e com as condições susceptíveis de ter cometido um crime de prevaricação no caso dos vistos gold. O Tribunal da Relação de Lisboa também não tem dúvidas de que o crime se consumou “na esfera do ministro”. Para procuradores e juízes, Miguel Macedo deu “ordem ilegal”, violou os procedimentos sem atentar ao interesse público e “favoreceu ilegalmente”, e em conjunto com Manuel Jarmela Palos – antigo director do SEF –, os “interesses privados lucrativos” de António Figueiredo, então presidente do IRN, e de Jaime Gomes, seu antigo sócio. 

Apesar de todos estes indícios estarem reunidos já em Novembro de 2014, data em que foram detidos para interrogatório os principais arguidos do processo, só no início do Verão foi feito um pedido para levantar a imunidade parlamentar de Miguel Macedo. E só hoje, dez meses depois da megaoperação Labirinto, o ex-ministro foi constituído arguido.    

silvia.caneco@sol.pt