Sporting quer acusar Soares Franco, Bettencourt e Godinho Lopes de gestão ruionosa

A SAD sportinguista vai realizar uma assembleia-geral (AG) no próximo dia 30 de Setembro, no Estádio José Alvalade. A atual administração quer acusar os três últimos presidentes de políticas de gestão ruinosa.

Na AG, os sócios serão chamados a deliberarem sobre o relatório e contas relativo ao exercício que terminou a 30 de junho e sobre a política de remuneração dos titulares de órgãos sociais da SAD relativa aos exercícios de 2014/2015 e 2015/2016.

Mas o último ponto da AG é o mais polémico: o conselho de administração do clube de Alvalade pretende que os acionistas aprovem a "propositura de ação ou ações de responsabilidade pela Sporting SAD contra os ex-administradores da mesma que exerceram funções no período compreendido entre outubro de 2005 e março de 2013, pelos danos causados à sociedade", lê-se na convocatória da AG, divulgada na CMVM.

Entre 2005 e 2009, o Sporting foi presidido por Filipe Soares Franco. Por sua vez, José Eduardo Bettencourt liderou a SAD leonina entre 2009 e 2011, seguindo-se Luís Godinho Lopes no período compreendido entre 2011 e 2013. Bruno de Carvalho preside à SAD desde 27 de março de 2013.

"Ao terem administrado a Sporting SAD, no período compreendido entre outubro de 2005 e março de 2013, da forma ruinosa como o fizeram, os administradores em questão violaram culposamente os deveres de diligência e cuidado a que estavam obrigados e, em consequência, causaram à Sporting SAD um prejuízo, cujo montante irá ser concretizado pelos serviços jurídicos competentes para o efeito", acusa o conselho de administração.

Políticas de gestão ruinosa em três mandatos

Nas propostas para a AG, a atual administração, liderada por Bruno de Carvalho, recorda que a 2 de janeiro teve início uma auditoria que visa o apuramento "detalhado de todos os factos relevantes da gestão no Sporting (Clube e SAD), de 1995 a 2013, relativos à gestão imobiliária, desportiva, de fornecimentos de bens e serviços e de recursos humanos".

Os resultados das diferentes fases da auditoria, já apresentados aos sócios, "permitem concluir, por ora, pela viabilidade de ação ou ações de responsabilidade civil em virtude da adoção de políticas de gestão ruinosa durante os identificados mandatos, com diminuição significativa dos capitais próprios da Sporting SAD e obtenção de resultados de exercício sistematicamente negativos", justifica o documento divulgado esta terça-feira ao final da noite na CMVM.

A convocatória para a AG sistematiza os resultados obtidos pelos três ex-presidentes. No mandato presidido por Filipe Soares Franco (de 19 de Outubro de 2005 e 5 de Junho de 2009), como resultado da administração levada a cabo, houve um agravamento do capital próprio de 32 milhões de euros e prejuízos acumulados de 50,9 milhões. 

Já na presidência de José Eduardo Bettencourt (de 1 de Julho de 2009 e 15 de Janeiro de 2011), fruto da gestão efetuada, houve um agravamento do capital próprio de 54,9 milhões e perdas acumuladas de 69,5 milhões. 

Por último, na governação de Luís Filipe Godinho Lopes, de 28 de Março de 2011 e 22 de Fevereiro de 2013, os capitais próprios deterioraram-se 115 milhões e os resultados líquidos negativos atingiram 101,5 milhões.

Falta de "disponibilidade e competência técnica"

"Em virtude da implementação de tais políticas de gestão pelas administrações presididas por Filipe Soares Franco, José Eduardo Bettencourt e por Luís Filipe Godinho Lopes, a Sporting SAD encontrava-se, em junho de 2013, numa situação económica e financeira ruinosa e praticamente impossibilitada de honrar os seus compromissos."

A atual gestão não poupa críticas à conduta profissional dos ex-gestores. "Ao atuarem como atuaram, depauperando a Sporting SAD de modo significativo e continuado, os administradores em questão não revelaram a disponibilidade, competência técnica e conhecimento da atividade adequados à função que exerciam, nem empregaram, no exercício dos seus cargos, a diligência de gestores criteriosos e ordenados, nem se pautaram por elevados padrões de diligência profissional, como a lei impõe", acusa a administração.

Para se distanciar dos ex-presidentes e, simultaneamente, atestar a atuação "gravemente culposa" das antigas administrações, a presidência de Bruno de Carvalho realça os resultados alcançados desde que assumiu funções: "Aumento do total do ativo no valor de 96,1 milhões, uma diminuição do total do passivo no valor de 30,4 milhões, a variação positiva acentuada do valor do capital próprio em 126,5 milhões (deixando de ser negativos) e resultados líquidos de exercício positivos (acumulados) de 19,7 milhões".

Recorde-se que esta já não é a primeira vaga de processos judiciais interposta pela atual administração da SAD leonina contra ex-administradores.

sandra.a.simoes@sol.pt