Os horrores por que terão passado os bebés da creche Benjamim

Sete funcionárias de uma creche do Porto começam a ser julgadas a 6 de Outubro depois de o Ministério Público as acusar de maus tratos a bebés entre os três meses e os três anos.

O jornal Público avança hoje como todo este caso teve início. Bastaram dois comentários de uma empregada para um menino de dois anos para fazer soar o alarme junto do pai. Foi esta mulher quem acabou por relatar os maus tratos ao progenitor. Este, já em alerta pelas recentes alterações de comportamento do filho, juntou as peças, confrontou a vice-presidente da associação Benjamim e denunciou o caso à Segurança Social, que por sua vez chamou o Ministério Público.

A acusação, escreve o Público, relata que “quase diariamente”, pelo menos cinco arguidas “deferiam bofetadas na cabeça dos bebés e das crianças que tinham aos seus cuidados, quando eles não queriam comer, ou sapatadas no rabo destes quando entendiam que eles se tinham portado mal”.

A procuradora do Ministério Público que assina o despacho de acusação escreve ainda que os bebés eram colocados “num quarto sem luz natural e com a artificial desligada que servia de arrumos, com a porta encostada”.

Além disso, sentavam os meninos em cadeiras automóvel, presos com os cintos por períodos que chegavam às duas horas. Há um bebé da sala dos 1-2 anos que foi agredido por estar irrequieto após uma manhã inteira a ver televisão. As arguidas explicam que as cadeiras eram usadas apenas nos bebés mais pequenos enquanto aguardavam que uma cadeira de refeição ficasse livre.

As arguidas, quando os viam os meninos irrequietos na cantina, iam “por trás deles e, com os pés, empurravam as cadeiras de encontro às mesas onde as crianças batiam com a barriga ficando com dores, posto o que lhe desferiam sapatadas, de mão aberta, na zona da nuca”.

A acusação refere ainda que as funcionárias negavam água às crianças para não terem de mudar tantas fraldas.

Todas estas acusações são feitas com base no testemunho de duas funcionárias da instituição, que entretanto já não trabalham naquele local.

Mas há outros indícios como um dos meninos dizer à mãe que a educadora “bate porque é muito forte” ou uma outra bebé já retirada da creche por ter aparecido com marcas de dedos nas pernas.

A defesa das arguidas, escreve ainda o Público, diz que o caso se trata de uma “saga persecutória” montada por uma funcionária, que terá influenciado a outra colega a fazer as denúncias.