Candidato do MPT pára greve de fome para fazer campanha eleitoral

O cabeça de lista do Partido da Terra pelo distrito do Porto, Eurico Figueiredo, disse hoje ter terminado a greve de fome devido a uma alegada dívida da Segurança Social, por o seu partido ir iniciar a campanha eleitoral.

"Depois de um encontro na sexta-feira com uma delegação do Partido da Terra e com o seu presidente, José Inácio, vi-me confrontado com um conflito de lealdades e, por isso, decidi nesse mesmo dia terminar a greve de fome", disse à agência Lusa Eurico Figueiredo.

O ex-deputado iniciou na segunda-feira passada uma greve de fome de cinco dias por alegadamente a Segurança Social lhe dever mais de três mil euros, resultante do que considera ser uma penhora ilegal.

"Terminou devido a um conflito de lealdade. Por um lado, tenho um conflito para com a comunicação social, com a qual me tinha comprometido a parar apenas quando a Segurança Social me pagasse, e, por outro, o compromisso com o Partido da Terra de fazer campanha nas próximas eleições legislativas, como cabeça de lista", explicou.

Por estes motivos, o ex-deputado decidiu renunciar à greve de fome que o fez perder quatro quilos em cinco dias.

"Entretanto, quero dizer que enviei um e-mail à Segurança Social no dia 31 de agosto [passado] informando da minha decisão de iniciar uma greve de fome se não me pagassem e este e-mail só foi recebido dia 08 de setembro [terça-feira passada]. Isto mostra o descalabro dos serviços e o desrespeito pelos direitos dos cidadãos", declarou.

Eurico Figueiredo disse ainda à Lusa que vai continuar à espera de uma resposta da Segurança Social e dedicar-se à campanha eleitoral que começa na próxima semana.

O ex-deputado Eurico Figueiredo justificou a sua greve de fome com o facto de há três anos lhe ter sido penhorada a reforma por uma alegada dívida relacionada com o não pagamento das contribuições entre maio de 2005 e novembro de 2008, enquanto administrador de uma empresa vitivinícola.

Em outubro de 2014, a penhora foi considerada ilegítima pela justiça e o dinheiro da reforma foi desbloqueado pelos bancos, mas a Segurança Social ainda não lhe reembolsou os mais de três mil euros de dívida ao fisco, referiu o professor catedrático jubilado da Universidade do Porto (UP).

Em comunicado, o presidente do partido, José Inácio Faria, mostrou-se solidário com Eurico Figueiredo, afirmando reconhecer-lhe "a combatividade que marca o seu percurso de vida e a coragem para, através do seu caso, demonstrar a insensibilidade do Estado perante os cidadãos".

Na sexta-feira passada, José Inácio Faria mostrou-se preocupado com o agravamento do estado de saúde do seu candidato pelo Porto e, por isso, encontrou-se com Eurico Figueiredo, pedindo-lhe que desistisse da greve de fome.

Lusa/SOL