Moçambique livre de minas

 “Agora fico desempregado”, gracejou o diretor do Instituto Nacional de Desminagem Alberto Augusto à reportagem do Guardian. Desde quinta-feira que Moçambique foi declarado livre de minas antipessoais. Trata-se do primeiro país que consegue fazer a transição de território fortemente minado para livre de perigo.

Ao fim de 22 anos e de 285 milhões de euros, a Organização Não Governamental Halo deu por terminada a sua operação em território moçambicano. Foram destruídas mais de 171 mil minas e limpos mais de mil campos de minas (o que representa 80% do total da desminagem).

“Estive aqui há 20 anos e havia minas por todo o lado. Não conseguia imaginar como iríamos chegar ao fim. Moçambique representa a esperança e o futuro para o resto de África. Ainda temos muitos países aterrorizados pelas minas: Angola, Zimbabué, Somalilândia”, disse Cindy McCain (mulher do senador John McCain, e diretora da Halo nos Estados Unidos).

Antes da operação de desminagem, 600 pessoas morriam por ano e o medo era o denominador comum de quem vivia fora da cidade. “As minas foram como uma segunda guerra”, explicou ao jornal inglês Felberto Manuel Mafambese. Este chefe tradicional recorda que a “comunidade estava sob pressão”. E dá o seu exemplo: “De cada vez que saía à rua não sabia se ia pisar uma mina”. Agora pode-se “desenvolver o cultivo e fazer planos. A segunda guerra terminou e estamos livres”.

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