Futebol põe PSP de Braga em pé de guerra

A PSP de Braga vive um clima de divisão sem precedentes depois de um grupo de sete subcomissários terem pedido transferência, em simultâneo, em agosto, como forma de protesto pelas cumplicidades que alegam existir entre a Polícia e dirigentes dos clubes de futebol do distrito. O clima de revolta alastrou a agentes e chefes, bem…

Num documento que está a circular entre os polícias, a que o SOL teve acesso, referem-se situações de alegadas cumplicidades com os dirigentes do Sporting de Braga e do Vitória de Guimarães, da parte de oficiais de várias patentes, situação que se verificará há já vários anos. As descrições das supostas ilegalidades são feitas recorrendo-se a nomes de código. Um comissário designado por “Mala Cheia” e um subcomissário tratado como “general de duas estrelas” são os principais alvos dos autores do documento.

Os agentes dizem-se “diminuídos” pela claque do Braga e alegam que um oficial subalterno de carreira da PSP costuma viajar como “convidado” com a equipa daquele clube. “Estão a ser postas em causa a autoridade dos agentes nos estádios e isto qualquer dia vai dar uma tragédia”, diz ao SOL um agente.

Por isso, serão cada vez mais os agentes que não querem policiar jogos de futebol, mesmo que a título de horas extraordinárias (os chamados serviços remunerados).

O recurso sistemático à Força Destacada no Comando Metropolitano da PSP do Porto, da Unidade Especial de Polícia e do seu Corpo de Intervenção também têm causado um grande mal-estar entre os agentes. “Sendo destacados por questões de ordem pública e não podendo o seu serviço ser remunerado por privados, ao contrário das unidades normais da PSP, fica de borla para os clubes e é um favor que o Comando lhes faz requisitar assim a Unidade Especial de Polícia por tudo e por nada”, salienta a mesma fonte. Segundo o documento que está a circular, isso acontece “até para jogos de risco médio, muitas vezes excedendo o Corpo de Intervenção um terço de todo o efetivo policial, o que vai contra as regras internas da Polícia”.

Comissária do Porto já tinha denunciado ilegalidades

Segundo o SOL apurou, foi Telma Fernandes, comissária do Comando Metropolitano do Porto da PSP, quem denunciou pela primeira vez ilegalidades no Estádio D. Afonso Henriques (do Guimarães), num relatório enviado à sua hierarquia na época de 2013/2014, depois remetido à PSP de Braga.

Especialista no policiamento de jogos desportivos e no fenómeno da violência no futebol, esta oficial é conhecida pelo rigor no acompanhamento de claques, tendo na altura de um encontro entre o Vitória de Guimarães e o FC Porto proibido os Super Dragões de entrarem no Estádio D. Afonso Henriques com bandeiras, tambores, megafones e outros objetos potencialmente perigosos. Mas depois veio a surpreender a claque vimaranense no estádio com esses e outros apetrechos, que são proibidos pelos regulamentos da UEFA e dos organismos federativos portugueses.

A situação que se vive em Braga e estes casos de ilegalidades já foram inclusive denunciados internamente pelas estruturas sindicais da PSP.