Ex-ministro brasileiro diz que Lula “fez lóbi” pela construtora Odebrecht

Um ex-ministro do Presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva disse, num email intercetado pela polícia, que o então governante “fez lóbi” pela construtora Odebrecht, avança a imprensa local, citando um relatório das autoridades.

Numa troca de correio eletrónico com executivos da construtora, em 2009, o então ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Externo, Miguel Jorge, deu a entender que Lula, que foi Presidente do Brasil entre 2003 e 2011, atuou para beneficiar a empresa, investigada pela alegada participação num esquema de corrupção da petrolífera Petrobras.

"Estive [com Lula] e o PR [Presidente] fez lóbi", assinalou o ex-ministro em referência a uma obra hidroelétrica na Namíbia que acabou por não avançar.
"O Presidente da Namíbia foi quem começou. Disse que haverá um concurso [para a obra], mas que fará um esforço para que os brasileiros ganhem, o que significa meio caminho andado", acrescentou.
Miguel Jorge respondeu desta forma a um email enviado por um executivo da Odebrecht que lhe pediu que, caso se reunisse com Lula e o Presidente da Namíbia, "manifestasse a confiança na capacidade" da empresa.
Depois desta troca de emails ter sido divulgada, o instituto dirigido por Lula afirmou, em comunicado, que o ex-Presidente sempre atuou com "sinceridade" e dentro da lei, e recordou que durante os seus dois mandatos "dirigiu 84 delegações de empresários brasileiros em viagens por todos os continentes". 
"Só uma imprensa cega com preconceito e partidarismo poderia criminalizar um ex-presidente por ter trabalhado pelo seu país e pelo seu povo", acrescentou o instituto com o nome do ex-governante, que é investigado por tráfico de influências a favor da Odebrecht.
O ex-ministro Miguel Jorge, por seu lado, sublinhou que "é uma obrigação funcional e de um ministro vender os interesses das empresas brasileiras num mercado altamente competitivo".
Na sua opinião, está a "confundir-se lóbi com corrupção". 
Já a Odebrecht assinalou que as mensagens eletrónicas registam "uma atuação institucional legítima e natural das empresas e a sua participação nos debates de projetos estratégicos para o país".
A Odebrecht é uma das empresas investigadas pela alegada participação na corrupção da Petrobras, de onde, segundo cálculos da própria companhia, forram desviados 2.000 milhões de dólares na última década.

Lusa/SOL