Marginalidade reina no Monte Picoto em Braga

Os bracarenses começaram a ter medo de ir ao Monte Picoto – um espaço privilegiado para ver toda a cidade de Braga – por causa da marginalidade que campeia naquele parque municipal, como o tráfico e consumo de droga e assaltos à mão armado, e até cenas de sexo entre as árvores.

São cada vez mais as famílias a afastar-se do Monte Picoto. O SOL falou com vários frequentadores que confirmaram uma série de casos, mas todos têm medo de dar a cara. Ao fim de uma semana de contactos diretos e pessoais, nem um só bracarense teve a coragem de autorizar a publicação do seu nome, muito menos em deixar-se fotografar. Mas todos tinham uma história para contar, sob anonimato, sobre o que se vai passando ali. A ausência de um policiamento mais frequente e principalmente de atuação policial à civil, para surpreender os marginais, é uma das principais críticas dos cidadãos contactados pelo SOL, que também lamentam muitos atos de vandalismo, incluindo a destruição pelo fogo de vidrões e o derrube de algumas cercas de madeira.

A única casa existente naquele espaço verde sobre a zona sul da cidade de Braga foi destruída por um incêndio alegadamente provocado por um toxicómano que estava a fazer um “caldo” de heroína. A parte do telhado está quase toda danificada, mas as divisões térreas continuam a ser usadas para o consumo de droga, como o SOL testemunhou.

A última obra de Mesquita Machado: 4 milhões de euros

No topo do Monte Picoto, de onde se avista toda a cidade, foram furtados os cabos de eletricidade e grande parte das lâmpadas embutidas nos passadiços de madeira.

O Monte Picoto foi a última grande obra do consulado de Mesquita Machado, anterior presidente da Câmara, e custou cerca de quatro milhões de euros. O parque dispõe de três acessos e cada um deles caracteriza-se agora pelo tipo de uso marginal. A entrada sul é ponto de encontro de prostituição, principalmente masculina, em grande parte praticada entre árvores situadas junto a uma urbanização contígua, onde se veem os preservativos no chão e a rede de arame levantada para entradas às escondidas. Já o acesso pela zona da Agrinha, em Nogueira, é de onde partem toxicómanos que vão injetar-se no bosque do Monte do Picoto ou então fumar dentro de automóveis que entram pelo terceiro acesso, entre as rotundas do Monte Picoto e da de Santo Adrião.

Câmara e PSP “desconhecem”

A Câmara Municipal de Braga e a PSP “desconhecem” os casos verificados no local pelo SOL. O vice-presidente da Câmara de Braga, Firmino Marques, referiu que, “em tempos houve situações de vedações furadas, mas que foram repostas”. Segundo o autarca, “de noite o parque é vigiado e não há registo de mais ocorrências”. “Para controlar casos de abusos colocámos entretanto portões que podem ser assim fechados à noite, o que nunca fizemos, mas é uma hipótese sempre em equação”, acrescentou o autarca.

A PSP não tem registos de queixas de assaltos nesta zona, segundo disse ao SOL fonte policial.