‘Último ditador da Europa’ reeleito – para um quinto mandato

Venceu as eleições presidenciais de domingo na Bielorrússia, com 83,5% dos votos: um recorde, até para Alexander Lukashenko, que se mantém no cargo desde 1994.

‘Último ditador da Europa’ reeleito – para um quinto mandato

 

A vitória do Presidente de 61 anos era expectável – a rival Tatiana Korotkevich ficou em segundo lugar com 4,4% – e sempre por larga margem, com a oposição a boicotar o processo eleitoral. Nas últimas eleições, em 2010, seguiram-se manifestações com milhares de pessoas nas ruas a protestar com o resultado. A Polícia reprimiu e vários adversários políticos de Lukashenko foram detidos. No domingo, os protestos resumiram-se a umas centenas de pessoas concentradas na capital, Minsk.

Descrito pela administração Bush como ‘o último ditador da Europa’, Lukashenko parece dar-se bem a leste e a oeste.

De Moscovo já recebeu na segunda-feira de manhã os parabéns pela “convincente vitória”. Vladimir Putin conta com o homólogo bielorrusso para fortalecer a “parceria estratégica” entre os dois países vizinhos.

De Bruxelas, Lukashenko aguarda o levantamento de sanções – impostas em 2011 após a violência que se seguiu às eleições –, o que poderá acontecer no final do mês. Minsk foi intermediária nas negociações de paz entre Rússia e Ucrânia e acolheu os líderes dos dois Estados, além de Angela Merkel e François Hollande. Noutro gesto de boa vontade a apelar à União Europeia, o PR bielorrusso libertou vários presos políticos antes das eleições.  

O PR faz-se regularmente acompanhar do filho de 11 anos, que os detratores do regime admitem estar a ser ‘preparado’ para lhe suceder no cargo. Nikolai foi com o pai aos Estados Unidos, em setembro, para o discurso da Assembleia-Geral das Nações Unidas. Posaram sorridentes com Michelle e Barack Obama.

Sem contemplações, a vencedora do prémio Nobel da Literatura e conterrânea do PR rotula Lukashenko de “homem que não é digno de confiança”. Svetlana Alexievitch descreve a Bielorrússia, onde não vive, de “ditadura suave” liderada pelo “batka”, ou “pequeno pai” do país.

ana.c.camara@sol.pt