Imagem da Virgem Maria na Capelinha com valor superior ao conhecido

A imagem da Virgem que se encontra na Capelinha das Aparições, no Santuário de Fátima, está em bom estado de conservação e o seu valor é superior ao conhecido, referem as conclusões do seu estudo material hoje tornadas públicas.

"A escultura encontra-se em bom estado de conservação. No entanto, apresenta pequenos danos no revestimento policromo, como estalados, fissuras, desgastes e destacamentos pontuais da camada estratigráfica", refere o documento apresentado pelo reitor do templo, padre Carlos Cabecinhas.

O sacerdote falava na conferência de imprensa que antecede a peregrinação internacional aniversária ao santuário, 98 anos após os acontecimentos na Cova da Iria, no distrito de Santarém.

Na ocasião, Carlos Cabecinhas explicou que "os danos detetados resultam, essencialmente, do manuseamento e deslocação da imagem em contexto litúrgico, assim como das condições ambientais, de temperatura e de humidade relativa a que está diariamente sujeita".

As conclusões do estudo, feito através de vários métodos tecnológicos, na sua maioria não invasivos, apontam ainda para o enriquecimento do conhecimento da escultura.

"Sabemos que é ricamente decorada com ouro de 22 quilates e com incrustações de diamantes e outras gemas", adianta o documento.

O trabalho permitiu também conhecer, "de forma pormenorizada, a composição da estrutura do suporte de madeira", estruturalmente constituído por um "módulo principal disposto na vertical, que vai desde cabeça à base, ao qual se juntaram vários blocos mais pequenos, principalmente na zona das nuvens, fixados com pregos metálicos", assim como a localização das cavidades internas da peça, possibilitando "maior segurança em futuras intervenções que, porventura, possam vir a ser necessárias".

Por outro lado, há a noção "das várias intervenções de restauro, justificadas pelo desgaste dos materiais que a constituem", sendo que do estudo resultou, igualmente, "um conjunto de recomendações que visam a redução do impacto dos fatores de risco a que a imagem está exposta".

"Neste momento, as equipas envolvidas estão a preparar um plano de conservação, a fim de garantir a manutenção do seu bom estado de conservação, assim como a desaceleração dos processos de degradação", acrescentam as conclusões, com o santuário a garantir que vai procurar "implementar as medidas propostas sem colocar em causa a função principal desta imagem, que é a cultual".

Aos jornalistas, o reitor do santuário assegurou que não se pretende, "de forma alguma, uma musealização da imagem que a retire" da função do culto, mas admitiu que as circunstâncias em que está exposta "levantam problemas de conservação".

"Protegê-la em redoma é o que já acontece, protegê-la numa redoma que a isole um pouco mais, esse é o elemento que podemos trabalhar e que vamos trabalhar", declarou o sacerdote, afiançando que nas procissões o santuário não quer prescindir do seu uso.

Quanto ao valor da escultura, o responsável disse ser "incalculável", porque a todos os aspetos contabilizáveis há a somar o que tem a ver com a veneração dos fiéis.

O estudo material da imagem da Virgem de Fátima foi realizado por iniciativa do santuário. Iniciado em 2013, esteve a cargo do museu do templo e do Laboratório de Conservação e Restauro do Instituto Politécnico de Tomar.

A escultura de Nossa Senhora de Fátima, da autoria de José Ferreira Thedim, foi criada em 1920 e é o tema em destaque no número 4 da revista cultural Fátima XXI, do santuário, hoje lançada.

Lusa/SOL