“A maior maioria é nossa. A autoridade política democrática é nossa. A prática constitucional desde o 25 de Abril é a de dar posse a quem tem mais votos”, afirma ao SOL o vice-presidente de Passos, Pedro Pinto.
Esse é o entendimento do líder da coligação, que já o deixou antever ontem à saída da reunião com Costa, quando afirmou ter “a expectativa natural de vir a formar Governo”.
“Ganhámos as eleições e o PS perdeu-as", sublinhou à saída do Largo do Rato, quando ainda pedia a Costa uma “contra-proposta” em resposta ao “documento facilitador” feito por PSD e CDS.
No círculo mais próximo de Passos Coelho, tranquilidade é a palavra de ordem. Apesar da turbulência política dos últimos dias, acredita-se que do Presidente da República não virão surpresas e que Cavaco entenderá que a solução apresentada pela PàF é a mais viável.
Instabilidade à esquerda serve de argumento
Passos irá explicar a Cavaco que tem legitimidade para formar governo e aproveitará também a instabilidade à esquerda para sustentar a tese.
A ideia é de que do lado da PàF há um projeto para o país e uma maioria de votos, enquanto à esquerda as negociações ainda parecem incertas e será difícil que partidos com programas tão distintos como o PS, o PCP e o BE se entendam para uma legislatura.
As declarações de Jorge Cordeiro, da Comissão Política do PCP, à Lusa vêm dar força a esta teoria. O comunista traçou linhas vermelhas em tudo o que não sejam políticas para garantir “direitos, interesses, rendimentos, salários dos trabalhadores, reformados”.
“Tudo o que não corresponda [a estes interesses], contará com a oposição do PCP”, anunciou depois de uma reunião técnica entre comunistas e socialistas, apesar de reafirmar que o “PS tem condições para formar governo, apresentar programa e entrar em funções”.