Este distrito teve mais batizados do que óbitos pela primeira vez em cinco anos

A mais populosa Unidade Pastoral da Diocese de Bragança-Miranda está a assistir a uma inversão de números com um aumento de batizados que, pela primeira vez em cinco anos, suplantam os óbitos.

Até 30 de setembro, a Unidade Pastoral da Senhora das Graças, que engloba a cidade de Bragança e três aldeias limítrofes, realizou 134 batizados e 117 funerais, com o número de batismos a superar em 17 os óbitos, uma realidade que inverte a tendência dos últimos anos e única na Diocese de Bragança-Miranda, correspondente ao distrito de Bragança.

"Até há cinco anos o número de óbitos suplantava o número de batizados e este ano, pela primeira vez, o número de batizados suplanta o número de óbitos", realçou hoje à Lusa o padre Sobrinho Alves, responsável pela mais populosa Unidade Pastoral da diocese.

Esta inversão, enfatizou, ocorre "só mesmo aqui, em nenhuma outra parte da diocese", acrescentando que na maioria das aldeias a proporção média é dois batizados para 40 óbitos.

Em 2014, o número de óbitos registados na Unidade Pastoral da Senhora das Graças foi de 239 e o de batizados ficou em 176, um resultado que as autoridades locais acreditam não vai repetir-se em 2015.

Apesar de o ano ainda não ter terminado, Sobrinho Alves, crê que não haverá uma inversão na tendência até agora registada, em que os batismos superam os óbitos.

"A tendência será precisamente para diminuição de óbitos este ano", afirmou.

A leitura que a fonte faz desta inversão é a de que "como nos anos anteriores muita gente mais velha morreu, agora também já há menos gente para morrer".

Essa realidade observa-a em zonas como Santa Maria, a parte histórica da cidade de Bragança, que "está despovoada".

"Toda esta gente já desapareceu, os mais velhos desapareceram, os mais novos estão noutros lugares, não se fixaram aqui porque não têm condições, as casas antigas não sofreram remodelação, não há um plano que dê estabilidade para as pessoas poderem viver com estabilidade, com decência, (há) casas abandonadas, que ninguém vende, que ninguém deixa", constatou.

E a prova de que o aumento do número de batizados não significa mais gente é, segundo ainda o pároco, que "grande parte" dos batizados realizados na Unidade Pastoral são de gente que "está no estrangeiro, alguns em Lisboa, outros no Porto, (e) têm cá os seus familiares".

"Portanto, não quer dizer com isto que a população esteja a crescer ou que haja mais crianças, que não está. Está a diminuir. Simplesmente é um dado que é surpreendente porque estávamos realmente numa decadência muito grande de batizados e, neste momento concreto já temos um número maior que os óbitos e que não é comum", concretizou.

Enquanto pároco, estes números deixam-lhe, no entanto, "alguma esperança de alguma renovação na população", numa zona onde "tem havido muita falha de gente, uns porque morreram, outros porque foram para outros sítios".

Ainda assim o padre garantiu que "há ainda gente nova", o que está é "superocupada com a vida dos dias de hoje que tem um modo de ser que não se com padece com as pessoas conviverem, estarem, ocuparem lugares".

Entende esta realidade como um desafio para a Igreja que "tem de se adaptar, ter uma linguagem nova para os novos problemas que surgem".

Lusa/SOL