Mulher encontrou a mãe morta e ignorou-a durante meses

   

Melissa Peacock, uma rececionista de hospital australiana, viveu uma vida normal durante meses. Ninguém percebeu que algo de errado tinha acontecido até dois agentes imobiliários encontrarem o corpo da sua mãe mumificado na cama.

A história aconteceu em 2013, mas só agora começaram a ser revelados detalhes pela imprensa australiana, após o início das audições sobre a morte de Noreen Peacock.

Muitos vizinhos ainda se lembram de Noreen, que na altura em que foi encontrada teria 83 anos, a tratar do jardim em Kellyville, a norte de Sydney. A senhora, que vivia com a filha, começou a mostrar sinais de demência a partir de 2009, e muitas vezes vagueava pelas ruas, escreveu o Sydney Morning Herald.

Foi nesta altura que a pressão sobre Melissa aumentou, mas nem as duas irmãs repararam nos sinais. Quando a polícia a encontrou num hotel em outubro de 2013 – depois de o corpo da mãe ter sido descoberto pelos agentes imobiliários, tapado por cobertores – Melissa disse apenas que a tinha encontrado morta em julho, fechou a porta e foi-se embora.

“Contou que ainda estava em negação”, disse Ian Bourke, um dos participantes nas audições em tribunal. Além do cadáver de Noreen, a polícia encontrou 150 garrafas de vinho na casa e outras 200 na garagem. Segundo os investigadores, isso confirma a teoria de que Melissa estava perturbada e em depressão há vários meses, pressionada pelo agravar do estado de saúde da mãe, mas não conseguiu pedir ajuda.

Segundo relatou, na altura em que a mãe terá morrido – em consequência de complicações gastrointestinais – também a filha estava doente, com um caso grave de alergia.

Melissa trabalhava seis dias por semana num hospital privado de Sydney, e o seu profissionalismo nunca levantou suspeitas.

Quanto às duas irmãs, Debra e Jaslyne, tinham estado com Melissa e Noreen um ano antes, no Dia da Mãe. Na altura ainda tentaram convencer Melissa a que a mãe fosse para um lar, mas a irmã não aceitou.

Melissa Peacock já enfrentou acusações relacionadas com o uso indevido de uma conta bancária e pelo facto de não informar sobre a morte da mãe. Tendo em conta o seu estado mental na altura, não foi sentenciada nesses casos. Mas o inquérito à morte de Noreen continua, e as duas irmãs, pelo desinteresse demonstrado após 2012, também enfrentam críticas por parte dos investigadores.

emanuel.costa@sol.pt