Cáritas pede “paridade” entre apoios aos refugiados e aos portugueses

O presidente da Cáritas Portuguesa alertou ontem para a necessidade de garantir “paridade” entre os níveis de ajuda a dar aos refugiados e aos que já são dados aos portugueses que vivem em situação de pobreza. Eugénio Fonseca está preocupado com as condições financeiras que vão ter os 4500 refugiados que Portugal acordou receber, com…

Cáritas pede “paridade” entre apoios aos refugiados e aos portugueses

“Sublinho que as condições destas pessoas que vêm são muito diferentes das dos portugueses, pois vêm de uma situação de guerra, mas é preciso não esquecer que há muitas pessoas a passar dificuldades em Portugal”, afirmou ao SOL Eugénio Fonseca. O responsável nacional da Cáritas, que integra a comissão executiva da Plataforma de Apoio a Refugiados, reconhece “que há mais xenofobia em Portugal do que se pensa”, e diz já ter recebido algumas mensagens e reações que espelham esse desagrado junto de quem está no terreno. “É preciso ter atenção que há várias razões para esta hostilidade e uma delas está relacionada com o facto de as pessoas ainda estarem a sofrer os efeitos da austeridade e não perceberem bem que são situações muito diferentes”.

Eugénio Fonseca diz ainda que alguns católicos estão preocupados com o acolhimento destes refugiados por serem muçulmanos. “Há algum medo da islamização do país. Mas não faz sentido porque aqui ninguém vai impor nada a ninguém. A diversidade de culturas só enriquece”, acrescenta.

Ontem foi também conhecido o número de instituições da sociedade civil que estão a trabalhar para acolher os refugiados. Entre as 115 entidades que se inscreveram na Plataforma de Apoio aos Refugiados, que reúne organizações desde câmaras, paróquias, até a congregações religiosas, estão cerca de 50 entidades católicas.

A solução para uma melhor integração destas pessoas passa pela sua dispersão pelo país, defende Eugénio Fonseca, considerando que só assim é possível “garantir a coesão social”.