MPLA: ‘O objetivo da luta que fizemos ao longo dos anos é propiciar melhor vida às pessoas’

A vitória na luta anticolonial e o alcance da paz, depois de 27 anos de guerra civil, são, para o secretário-geral do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), os pontos marcantes nos 40 anos de independência angolana. 

Militante do MPLA ininterruptamente há 52 anos, Julião Mateus Paulo "Dino Matrosse" recusa críticas gratuitas sobre o desenvolvimento do país, nos 40 anos de independência, que Angola assinala no dia 11 de novembro próximo, numa retrospetiva sobre o passado.

Apesar do balanço negativo feito pela oposição angolano sobre os últimos 40 anos, o político, que no dia em que Angola se tornou independente concluía a sua formação na Bulgária, prefere apontar o crescimento do país ao nível das infraestruturas, nomeadamente com estradas, hospitais e escolas.

"Também reabilitámos vários aeroportos que estavam quase destruídos e novos aeroportos que fizemos. Os caminhos-de-ferro, que não funcionavam, alguns dos quais quase 27 anos, estão reabilitados em poucos anos", apontou, em declarações à agência Lusa, Dino Matrosse.

O combate à pobreza e à miséria "que ainda graça entre o povo" foram apontados como alguns dos desafios ainda a se ultrapassar, mas ainda assim o balanço que faz do país independente é positivo. 

O secretário-geral do MPLA, que durante a sua militância passou por vários setores e funções militares, reconheceu que "ainda há muita coisa por fazer", como o fornecimento de água potável e de energia à população. 

"Enfim, quer dizer que o país está caminhando de uma forma segura, sobretudo a paz, é um bem que os angolanos devem estimar e acarinhar, que tem permitido que a gente fizesse todo esse trabalho", realçou.

"Dino Matrosse" congratulou-se pelo facto de Angola ter realizado em 2014, pela primeira vez depois da independência, o censo populacional e habitacional, que permitiu saber que Angola tem oficialmente 24 milhões de habitantes, na sua maioria jovens. 

"A nossa população é jovem e, ainda bem que assim o é, e nós devemos nos congratular com isso. Portanto, é para dizer que temos muito que fazer", disse o dirigente do MPLA, partido que está no poder desde que Angola se tornou independente do regime colonial português.

Já sobre a juventude, a que hoje mais tece críticas à governação, "Dino Matrosse" considera que são naturais as críticas, mas não podem ser feitas de forma gratuita. 

"Porque quem conheceu Angola, [sabe que] não estava assim. Tantas centralidades estão a ser construídas, que não existiam, tantas estradas que não existiam, tantas fábricas estão aí a aparecer, que não existiam, aí há 15 anos se podia andar bem nas nossas estradas, hoje há congestionamentos, há pessoas que têm quatro, cinco carros.

Quer dizer que algumas críticas são tão injustas", disse.

Reconheceu que a reclamação sobre a falta de emprego é justa, todavia atribui o facto ao fraco investimento que o país verifica.

"Estamos a começar, estamos há 13 anos na paz, porque os outros anos para mim não contam, porque era para manter a integridade territorial, os tais 27 anos que lá foram, eram para poupar a vida das populações, com tantas invasões que houve, várias destruições, não havia escolas", referiu.

Sobre o MPLA, perspetiva a consolidação do partido, a unidade e coesão, para o seu fortalecimento.

"Que continue a dirigir a nação e resolver os problemas, sobretudo os fundamentais, que têm a ver com a vida socioeconómica do nosso povo. Porque o MPLA não está virado só para si, aliás a sua criação tem a ver com o povo, e tudo o que ele faz tem a ver com o bem-estar do povo angolano", salientou.

"O objetivo da luta que fizemos ao longo dos anos é propiciar melhor vida às pessoas, estamos todos de acordo, e sou daqueles que defende que o angolano pode ser rico, deve ser rico, se puder", rematou.

Lusa/SOL