António Costa: Cavaco criou ‘crise política inútil’ ao indigitar Passos

O secretário-geral do PS, António Costa, acusou o Presidente da República de criar uma “crise política inútil” ao indigitar Pedro Passos Coelho como primeiro-ministro, pois PSD e CDS-PP não têm “apoio maioritário” no parlamento.

António Costa: Cavaco criou ‘crise política inútil’ ao indigitar Passos

"É incompreensível a nomeação de um primeiro-ministro que antecipadamente o Presidente da República sabe que não dispõe nem tem condições de vir a dispor de apoio maioritário na Assembleia da República", disse Costa no Largo do Rato.

O secretário-geral do PS falava no final da Comissão Política do partido, que arrancou pouco depois das 21:30 de quinta-feira e terminou perto das 02:00 de hoje, e comentava as palavras de Cavaco Silva, que indigitou na quinta-feira o líder do PSD, Pedro Passos Coelho, para o cargo de primeiro-ministro, por o seu partido ter sido o mais votado nas eleições legislativas de 04 de outubro passado.

A "grave declaração" do chefe de Estado, diz Costa, leva a uma "crise política inútil" que "adia a entrada em plenas funções de um governo com apoio parlamentar maioritário e que assegure a estabilidade política que o país precisa".

PS aprova moção de rejeição a Governo PSD/CDS sem votos contra

A Comissão Política do PS aprovou hoje, sem votos contra, a apresentação de uma moção de rejeição ao programa de Governo da coligação PSD/CDS e mandatou o secretário-geral, António Costa, para prosseguir as negociações à esquerda.

Estas foram as duas principais conclusões que constam do comunicado final da reunião da Comissão Política Nacional do PS, documento que apenas teve duas abstenções.

"A Comissão Política mandata o secretário-geral para prosseguir as negociações e concluir um acordo com o Bloco de Esquerda, o PCP e o Partido Ecologista 'Os Verdes', e para aprofundar os contactos com o PAN (Pessoas Animais e Natureza), com vista a uma solução alternativa de Governo estável, credível e consistente, devendo esse acordo ser, oportunamente, presente à Comissão Política", refere o comunicado.

No mesmo documento, lê-se também que a Comissão Política do PS delibera dar ao seu Grupo Parlamentar "indicação para apresentar uma moção de rejeição de qualquer programa de Governo que se proponha manter no essencial as políticas da anterior legislatura, rejeitadas por larga maioria dos portugueses nas últimas eleições".

Numa nota de justificação para a apresentação de uma moção de rejeição no parlamento a um programa de Governo da coligação PSD/CDS, o PS diz-se "ciente de que a direita coligada não reconhece a necessidade de virar a página da austeridade e interromper a estratégia de empobrecimento".

O PS, pelo contrário, entende "estar em condições de oferecer ao país uma alternativa de Governo consistente, estável e duradoura".

 Após uma reunião que durou cerca de quatro horas, a Comissão Política Nacional do PS salienta que os socialistas informaram o Presidente da República, Cavaco Silva, de que estão em condições de "liderar uma solução alternativa, maioritária, consistente e duradoura, capaz de respeitar a vontade de mudança expressa pelos portugueses e de garantir o respeito integral pelos compromissos internacionais, designadamente europeus, de Portugal".

Numa alusão ao entendimento que já terá sido alcançado pelos socialistas, na sequência das conversações com o Bloco de Esquerda, PCP e "Os Verdes", tendo em vista a formação de um Governo, a Comissão Política do PS entende que "a solução construída" à esquerda "responde ao critério político enunciado pelo Presidente da República, quando cometeu aos partidos políticos a responsabilidade de construir um apoio parlamentar maioritário, consistente e estável ao próximo Governo e quando sublinhou que isso só seria possível compreendendo que este é o tempo do compromisso".

Lusa/SOL