Um século contado em cliques

Está patente até dia 3 de janeiro de 2016, no Metropolitan Museum of Art, em Nova Iorque, a exposição In and Out of the Studio: Photographic Portraits from West Africa que reúne cerca de 80 fotografias feitas em países como o Senegal, Camarões, Mali ou Gabão, entre 1870 e 1970. Retratos profissionais ou anónimos que…

‘Mulher Reclinada’, o título da fotografia em cima data de 1950/1960 e foi feita pelo maliano Seydou Keïta. Não é das mais antigas da exposição In and Out of the Studio: Photographics Portraits from West Africa (Dentro e Fora do Estúdio: Retratos Fotográficos da África Ocidental, numa tradução livre), mas serve de mote para esta mostra fotográfica que pretende não só fazer história na arte fotográfica desta longitude, mas também mostrar como o retrato entrou na vidas das pessoas, quer de forma profissional, quer captando momentos íntimos e descontraídos como este. Toda a pesquisa partiu da investigadora Giulia Paoletti, que já antes tinha publicado uma dissertação cujo tema foi ‘50 anos de fotografia no Senegal’. Nesta exposição foi mais longe e alargou a pesquisa a países como os Camarões, Gabão e Mali, de onde é proveniente Keïta, um dos fotógrafos mais consagrados da sua geração. Trata-se de um século de fotografia – de 1870 a 1970 – que mostra  ao público trabalhos até agora 

inéditos. O mais antigo é de 1880 e traz até aos dias de hoje um coletivo de cinco homens pelas mãos do fotógrafo ganês Albert George Lutterodt. Além deste e de Keïta, segundo as investigações de Giulia Paoletti, os fotógrafos «Okhai Ojeikere ou Samuel Fosso foram dos mais importantes da sua época».

Ao longo das 80 fotografias da exposição acompanha-se também a evolução desta atividade no continente, revelando que, ao contrário do que é muitas vezes dito, a fotografia não era um monopólio dos europeus. Aliás, chegou a África em 1840 e foi imediatamente apropriada pelas pessoas que a usaram conforme a estética da altura. Giulia Paoletti defende que, em meados de 1880, africanos, afro-americanos e europeus tinham viajado pela costa africana ocidental e estabelecido estúdios fotográficos à medida que se iam fixando no terreno. Um século depois, por volta de 1950/1970, quando muitos desses países se tornaram independentes, a fotografia era um negócio próspero nos centros urbanos. «Os seus clientes eram pessoas de classe média que cresceram com revistas e filmes populares, provenientes da Europa, América do Norte, Índia e Norte de África».

In and Out of The Studio: Photographic Portraits from West Africa tem curadoria de Yaële Biro, do departamento de África, Oceânia e Américas do Metropolitan Museum. Uma exposição para ver até 3 de Janeiro de 2016, em Nova Iorque. 

patricia.cintra@sol.pt