Rajoy volta a criticar projecto de independência da Catalunha

O presidente do Governo espanhol, Mariano Rajoy, voltou hoje a criticar o projeto independentista da Catalunha, afirmando – sem nunca referir especificamente aquela região espanhola – que “sem respeito pela integridade nacional, o sistema internacional desmorona-se”.

Rajoy volta a criticar projecto de independência da Catalunha

As declarações de Rajoy surgiram num ato de comemoração dos 70 anos da criação das Nações Unidas (e 60 anos da adesão da Espanha), em Madrid, com o secretário-geral da organização, Ban Ki-moon, e o rei de Espanha, Felipe VI, ao seu lado.

"O princípio da integridade territorial dos Estados é a pedra angular da Carta das Nações Unidas", disse o chefe do executivo espanhol, para quem "sem haver respeito pela dita integridade, o sistema internacional desmorona-se".

Rajoy falava dois dias depois de os principais partidos independentistas no parlamento catalão, a Junts pel Sí (do presidente Artur Mas) e a CUP (extrema-esquerda antieuropeísta), terem acertado um texto de resolução – a ser aprovado no hemiciclo catalão – que inicia o processo de "criação do Estado catalão independente" que, sublinham, "terá a forma de república".

Por outro lado, ambas as formações garantiram que o processo independentista "não estará submetido às decisões das instituições do Estado espanhol, em particular do Tribunal Constitucional", organismo que dizem já não ter legitimidade.

"Qualquer solução legal, razoável e duradoura para os conflitos passa sempre, e em qualquer lugar, pela reafirmação da integridade territorial dos Estados, submetidos a afastamentos internos ou a ingerências externas", salientou hoje Rajoy.

O presidente do governo espanhol recordou que se passaram poucos dias desde que os 193 países-membros da ONU renovaram a adesão à Carta das Nações Unidas e alertou que "quem despreza ou ignora as regras pelas quais se rege a convivência nos Estados democráticos e de Direito violam também os princípios" daquele documento.

"Quem tem essas pretensões não pode aspirar a ser admitido numa comunidade internacional que se rege pela lei. A comunidade internacional não os acolherá no seu seio. Quem assim o pretende nos seus sonhos podem abandonar toda a esperança", disse Rajoy.

Ainda antes das eleições regionais na Catalunha – que os partidos independentistas transformaram num "referendo de facto" sobre a soberania – vários membros do Governo espanhol alertaram que uma Catalunha independente por auto-recriação estaria fora da União Europeia, do sistema do Euro, do FMI e da maioria das instituições internacionais das quais Espanha faz agora parte.

Já o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon manifestou "confiança" numa "Espanha unida" para que possa continuar a trabalhar com as Nações Unidas em prol da paz, o desenvolvimento (respeitando os Objetivos do Milénio) e da luta contra as alterações climáticas.

Na cerimónia – que decorreu no Palácio Real espanhol, a Zarzuela, – Ban Ki-moon elogiou a Espanha como um país que é uma "encruzilhada de culturas" caracterizadas pela "diversidade".

No seu discurso, o rei de Espanha, Felipe VI, passou ao lado da questão catalã, preferindo enaltecer os valores da Carta das Nações Unidos e alertar para a crise dos refugiados na Europa.

"Esta tragédia, mesmo à porta do nosso continente, exige aos europeus que sejam fiéis aos melhores princípios e tradições de acolhimento", realçou.

Lusa/SOL