APAF quer acalmia no futebol português

O presidente da Associação Portuguesa de Árbitros de Futebol (APAF), José Fontelas Gomes, reiterou hoje a intenção de “acalmar” o futebol português e apelou à rapidez nas decisões disciplinares, assegurando não equacionar nenhuma forma de protesto.

APAF quer acalmia no futebol português

"Estivemos em silêncio durante algumas semanas, foi um silêncio propositado, que entendíamos ser o mais adequado e o que nos levou a fazer o comunicado foi que o silêncio não resultou", lamentou.

Em declarações à agência Lusa, José Fontelas Gomes esclareceu que o comunicado emitido na segunda-feira pela APAF "não tinha qualquer destinatário", tendo como objetivo apaziguar os ânimos e, sobretudo, instar os órgãos disciplinares da modalidade a agir rapidamente.

"Não tem qualquer direção, aliás é um comunicado que não refere nomes ou instituições, é um comunicado que, do nosso ponto de vista, era o mais indicado para que houvesse alguma acalmia. Não pensámos sequer na possibilidade [de boicote] e o comunicado apela ao sentido de responsabilidade das pessoas, para valorizar o futebol português", frisou o presidente da APAF.

No comunicado de segunda-feira, a APAF apelou à tomada de decisões "céleres e firmes" de órgãos disciplinares e tutela, no sentido de travar "as crescentes insinuações, comentários e opiniões" que estão a afetar o setor.

A APAF pediu ainda "a todos os titulares de órgãos eleitos para gerir e supervisionar o futebol, o favor de o fazerem de forma firme e clara, no sentido de defenderem efetivamente a valorização do futebol", criando "regras e penalizações adequadas para quem não cumpra".

A associação dos árbitros lamentou que pessoas com responsabilidade elevada no futebol português façam de forma reiterada declarações no espaço público que geram "um clima de permanente desconfiança, suspeição e intolerância".

No mesmo comunicado, o organismo advertiu que "se o clima de terrorismo verbal se mantiver e se as consequências pessoais que os árbitros têm enfrentado persistirem e galoparem como até aqui", tomará medidas "adequadas e justas" para o contrariar, sem especificar quais.

O jornal Record escreve hoje que os árbitros, no comunicado, "deixam no ar a hipótese de vir a boicotar os jogos do Sporting", algo contrariado por Fontelas Gomes.

"Estaríamos a ir contra o que apelamos e não é essa a nossa forma de estar, que é pelo diálogo e é isso que tentamos fazer. Estamos para valorizar, para contribuir para um futebol melhor e é isso que queremos continuar a fazer. Obviamente, se as coisas tomassem outro tipo de repercussões, que não tomaram até agora, seriam contas de outro rosário, mas não é esse o sentido do comunicado", salientou.

Fontelas Gomes desvalorizou ainda a alegada presença do presidente da Liga Portuguesa de Futebol Profissional, Pedro Proença, no balneário do Estádio do Dragão, antes do 'clássico' entre FC Porto e Benfica, da quinta jornada da I Liga, que os 'azuis e brancos' venceram por 1-0, noticiada hoje pelo Correio da Manhã.

"Do meu ponto de vista, não tem significado nenhum. Acho que estamos a pegar em coisas sem significado e o meu apelo vai para que se centrem as atenções no que é importante e pode melhorar o futebol português. Mas também defendo que o que estiver mal, se disser respeito à arbitragem, seja corrigido", rematou.

O Correio da Manhã dá ainda conta da alegada oferta de "um roupão personalizado" ao árbitro Artur Soares Dias, por ocasião desse encontro, levando Fontelas Gomes a defender uma definição clara do que é ou não permitido oferecer aos 'juízes'.

"Nem sei se isso é um brinde, se o árbitro o tem, mas espero que se faça tudo de forma clara, que a Liga e a federação digam o que é ou não permitido, que se faça tudo de forma clara para não se andar neste clima", referiu

Nesse sentido, o presidente da APAF reiterou o apelo à "rapidez e celeridade" nas decisões do Conselho de Disciplina da Federação Portuguesa de Futebol para evitar "este tempo infinito com um ónus de suspeição, insinuações e críticas à arbitragem".

"Ao deixarmos prolongar isto no tempo ajudamos a criar um clima maior de instabilidade", concluiu.

Lusa/SOL