SOLO: ‘Uma peça que é uma constelação de moedas’

SOLO não é uma peça de teatro, não é uma escultura, não é uma exposição. Tem um pouco das três mas não é exclusivamente nenhuma delas. É uma peça performativa que amanhã se vai tornar numa peça escultórica.

a ideia é: «uma moeda leva-te à outra», «trabalho gera trabalho» e o «investimento de hoje é o trabalho de amanhã». este é mais um daqueles casos em que a arte imita a vida, ou pelo menos uma parte dela.

complicado? simplifiquemos. tiago gandra é um artista – move-se entre as artes performativas e as artes plásticas -, who é a galeria onde este artista viveu nas últimas duas semanas, solo é a peça que tiago tem construído durante esse período e que apresentou ao público por duas vezes.

hoje é sua a última apresentação e, depois disso, a peça «vai ser levantada», ou seja, vai ficar em exposição até dia 3 de março.

mas de que peça se trata? «uma constelação de moedas», «um percurso entre moedas», «os diversos trabalhos que tens de fazer para conseguires investir em futuros trabalhos», diz o artista.

e passa a explicar: «peguei no cachet de um trabalho que fiz (100 euros), passei-os a moedas de um euro criteriosamente escolhidas (são de vários países) e, todos os dias, várias vezes ao dia (cerca de dez), atiro as moedas ao ar dentro de uma sala de seis por três metros». «as moedas ficam espalhadas no espaço e eu desloco-me entre moedas marcando o percurso que faço com uma pistola de cola quente. depois com uma chave descolo as moedas», e o que sobra: «apenas a estrutura (transparente) do percurso que marquei».

a última apresentação tem lugar sexta-feira, às 21h30, na galeria who, no bairro alto. depois disso, a peça escultórica de tiago gandra vai ficar em exposição, no mesmo espaço, até 3 de março.

catarina.palma@sol.pt