Spreads no crédito à habitação triplicam em dois anos

As margens dos bancos não pararam de aumentar desde a falência do Lehman Brothers. Entre Setembro de 2008 e Junho deste ano, os spreads médios passaram de 0,5% para 1,3%, segundo cálculos do SOL baseados em dados do Banco de Portugal

as perspectivas não são de melhoria, tanto para as famílias, como para as empresas. as novas regras de regulação do sistema financeiro internacional vão obrigar os bancos a pôr mais dinheiro de lado, tornando mais escassos os recursos para a concessão de crédito. para os clientes, isso significa que os empréstimos vão continuar a ficar mais caros

desde o colapso da lehman brothers, em setembro de 2008, os spreads no crédito à habitação em portugal quase triplicaram, passando de 0,5% para 1,3%. as empresas passaram a pagar o dobro dessas ‘margens’ aos bancos (de 1,3 para 3%), segundo cálculos do sol com base em dados do banco de portugal.

e o futuro não promete ser melhor. as novas regras de regulação do sistema financeiro, agora aprovadas por 27 países no mundo, deverão vir a pressionar mais os spreads. os bancos irão ficar melhor preparados, mas a reforma não deve conseguir evitar uma nova crise financeira.

nos últimos dois anos, quem contratou novos créditos viu-se ‘obrigado’ a pagar cada vez mais ao banco para conseguir o empréstimo (ver gráfico). no crédito à habitação, a subida em três vezes do spread (margem que acresce ao valor da euribor no cálculo da taxa de juro do empréstimo e que funciona como uma receita do banco) traduz-se numa subida de 50 euros por mês num empréstimo de 100 mil euros a 30 anos, segundo contas do sol. já as empresas que peçam um milhão de euros, pagam agora mais 850 euros por mês do que há dois anos, num crédito a 24 meses.

isabel.resende@sol.pt