Moedas: ‘Não necessitamos de mais austeridade’

Portugal está a ter sucesso na correcção dos seus défices gémeos — público e externo — e a economia está a «ajustar rapidamente», não vendo o Governo necessidade de agravar a austeridade para atingir as exigentes metas do ‘bailout’, segundo o secretário de Estado Adjunto do primeiro-ministro.

o responsável pela monitorização e coordenação da execução do ‘bailout’ adiantou que os níveis de dívida e de défice público de portugal «são comparáveis com muitos outros países da europa», frisando: «quando olhamos para aquilo que o fmi chama a curva de sustentabilidade da dívida portuguesa, a nossa ‘debt sustainability analysis’ é muito parecida com a irlandesa».

carlos moedas lembrou que «portugal ajusta a sua dívida nunca tocando no ponto dos 120% de dívida face ao pib» — um quadro distinto dos 160% da dívida da grécia, que atenas está a negociar com privados, visando cortá-la para uns sustentáveis 120%. em 2011, a dívida de portugal terá fixado em 107% do pib.

«se tudo correr dentro do cenário que temos e que é aquele que podemos controlar, não necessitamos de mais medidas de austeridade», acrescentou em entrevista à reuters.

contudo, alertou: «nós não podemos saber o que é que o mundo nos vai trazer, ou quais são os cenários dos vários países do mundo e qual o efeito que isso terá sobre portugal».

«mas, naquilo que está sob o controle de portugal, que é o cumprimento do programa e que é saber que, nesta continuação, vamos conseguir cumprir, não necessitamos de mais medidas adicionais. isso é claro como água», frisou carlos moedas.

acrescentou que «a economia portuguesa, apesar das suas rigidezes, mais uma vez, como foi o caso em 1977-78 e 1983-84, consegue ajustar rapidamente».

«há uma coisa que estamos convencidos e eu diria que é uma certeza: se continuarmos a cumprir, temos o apoio dos nossos parceiros; se continuarmos a cumprir, os mercados, mais tarde ou mais cedo, vão reconhecer», afirmou carlos moedas.

‘troika’ dá nota positiva

portugal anunciou ontem que a ‘troika’ deu novamente uma nota positiva na terceira avaliação da implementação das metas e medidas do resgate, tendo o ministro das finanças referido que as reformas avançam a um «ritmo assinalável», vincado que o país «não precisa de mais tempo ou mais dinheiro».

«é a primeira avaliação em que temos resultados muito concretos a mostrar não só aos mercados, mas também aos investidores e aos portugueses», disse carlos moedas.

o governo de centro-direita, liderado por pedro passos coelho, tem aumentado impostos, cortado despesa e reduzido benefícios sociais e fiscais, almejando descer o défice público para 3% do pib em 2013 face aos 9,8% de 2010.

em 2011, o défice terá fixado em 4% com uma receita ‘one-off’ da transferência de 6.000 me de fundos de pensões da banca para o estado, caso contrário ter-se-ia fixado em 7,5%, tornando exigente cumprir a meta real de 4,5% em 2012.

mas, carlos moedas vincou que o défice estrutural, retirando efeitos ‘one-off’, em 2011 reduziu-se em 4 pontos percentuais do pib — um ajustamento superior ao da média da zona euro — vincando: «isso é muito importante que seja sabido, mostra a capacidade de portugal entrar em ajustamento».