Síria: Civis e jornalistas ocidentais relatam massacre em Homs

Segundo avançam as Nações Unidas, no fim-de-semana cerca de dois mil sírios atravessaram a fronteira e entraram no Líbano. Deixaram quase todos os bens para trás e procuram apenas sobreviver ao que, jornalistas ocidentais que estiveram no local, classificaram já como «um autêntico massacre».

hassana abu firas, que fugiu da cidade al-qusair – a menos de cinco quilómetros de homs -, explica que saíu da cidade «por causa dos bombardeamentos».

já em segurança, no líbano, firas deixa uma pergunta, para qual não espera resposta: «o que querem que façamos? as pessoas estão sentadas nas suas casas e atacam-nas com tanques. quem pode fugir, foge, e quem não pode fica sentado à espera de morrer».

os refugiados que deixam homs contam uma história ainda mais sangrenta e afirmam que, agora que os rebeldes sairam, os que ficaram para trás estão a ser alvo de um verdadeiro massacre.

homens e rapazes, de todas as idades, estão a ser sumariamente executados. uma mulher contou ao correspondente da bbc que, na sexta-feira, precisamente um dia depois dos oposicionistas saírem da cidade, viu os militares cortarem a garganta ao seu filho de 12 anos.

 

jornalistas afirmam que se trata de um massacre

os jornalistas ocidentais que sobreviveram a homs fazem coro com os civis em fuga.

depois de, a 22 de fevereiro, a jornalista veterana marie colvin, do sunday times, e o jovem fotógrafo francês rémi ochlik terem caído às mãos de uma ofensiva do exército de bashar al-assad, os outros jornalistas ocidentais no distrito de bab amr (homs) enviaram pedidos de ajuda e pediram para serem evacuados.

paul conroy, o jornalista que acompanhava marie colvin e que conseguiu sair através de um túnel, 20 minutos antes deste ser bombardeado, contou à cnn que se trata «de uma autêntica matança».

de acordo com o correspondente da bbc que conversou com defectores de uma unidade de elite do exército sírio, os soldados têm ordens para matar tudo o que mexa, seja civil ou militar. as ordens são simples, bab amr desafiou o governo e, agora que o seu movimento de revolta caiu, vão sofrer as consequências.

 

em bab amr – o pesadelo

fora de bab amr permanece o comboio de ajuda humanitária da cruz vermelha, impedido de entrar pelas forças do regime que bloqueiam o acesso. o exército afirma que o distrito mais rebelde de homs está repleto de minas anti-pessoal.

no interior encontram-se os soldados de bashar al-assad, os oposicionistas que ficaram a cobrir a retirarada estratégica e os civis que não conseguiram fugir. sujeitos ao frio, à fome e a ferimentos, milhares estão agora nas mãos da arbitrariedade e do desejo de vingança dos soldados de assad.

em quase um ano de revolta as nações unidas estimam que cerca de 7500 pessoas tenham morrido na síria. no entanto, este número é contestado pelos activistas que se encontram no local, segundo os quais o número deverá ser superior às oito mil mortes.

catarina.palma@sol.pt