Militares bombardeiam ponte utilizada para fuga de feridos, McCain quer intervenção aérea na Síria

Enquanto em Qousseir, na província de Homs, o Exército sírio bombardeia uma ponte crucial para a fuga de refugiados – nomeadamente feridos – para o Líbano, o senador norte-americano e candidato à presidência em 2008, John McCain, apela a que se avance com ataques aéreos contra o exército sírio.

«bombardearam o sítio utilizado por edith bouvier [a jornalista ferida numa perna que, depois de divulgar um vídeo a perdir ajuda no youtube, conseguiu sair da síria] e todos os feridos», declarou um militante da comissão geral da revolução síria».

no mesmo dia, falando no senado norte-americano, mccain disse que os eua têm uma «obrigação estratégica e moral de afastar assad» e acrescentou que «a única forma de o fazer é através da força aérea internacional». declarou ainda que os eua devem «liderar o esforço de proteger a população da síria».

à medida que a condenação internacional aumenta, o regime sírio procura dar sinais à comunidade internacional de que está disposto a cooperar. na semana passada o governo concordou em permitir a entrada de dois eminentes emissários internacionais: kofi annan, ex-secretário das nações unidas, e valerie amos, chefe dos serviços humanitários da onu.

de acordo com a associated press, amos, que chega amanhã a damasco onde vai ficar até sexta-feira, declarou que o objectivo da visita é «sensibilizar ambos os lados para a necessidade de deixar entrar ajuda humanitária que evacue os feridos e entregue mantimentos». já kofi annan deve entrar na capital síria apenas no próximo sábado.

se procura parecer cooperante nos terrenos da diplomacia, no local a violência das forças militares tem escalado desde que a infantaria entrou em homs, na passada quinta-feira. com a retirada estratégica dos rebeldes, que deixaram o distrito que bab amr nesse mesmo dia, os civis que ficaram para trás, feridos ou demasiado idosos para fugirem, estão a ser alvo de prisões arbitrárias, tortura execuções sumárias.

uma mulher, fugida de homs, contava ontem ao correspondente da bbc que na sexta-feira passada os soldados de assad prenderam 36 homens e rapazes, entre eles o seu filho de 12 anos. sumariamente, todos foram degolados. conta que, enquanto fugia, «ainda conseguia ouvir os seus gritos.

 

aliados de assad

entre os refugiados que alcançaram o líbano contam-se histórias de horror e o medo é uma constante. mesmo afastados do epicentro do conflito temem os serviços secretos e lembram-se da aliança histórica entre ambos os países – a síria controlou o líbano durante décadas e o hezbollah, que domina o governo libanês, é aliado próximo tanto da síria como do irão.

entre os mais poderosos defensores de assad no xadrez internacional contam-se, no entanto, a rússia e a china, ambas responsáveis por impedir uma intervenção internacional masi musculada a partir das nações unidas.

ainda hoje o vice-ministro dos negócios estrangeiros russo fez saber que o país se mantém firme na sua resolução de apoiar assad, tendo inclusive incitado o ocidente a pressionar a oposição síria para que pare de lutar contra o regime.

apesar de ter o mesmo posicionamento que a rússia quanto à questão síria, o envolvimento chinês parece estar a tornar-se mais preocupado. neste momento, encontra-se na síria um enviado especial chinês que tem como missão pressionar assad para que avance com um cessar-fogo.

catarina.palma@sol.pt