Abel Pinheiro lamenta ‘7 anos de humilhação’

O ex-dirigente do CDS/PP Abel Pinheiro, hoje absolvido dos crimes de tráfico de influências e falsificação de documentos no julgamento do caso Portucale, lamentou os «sete anos de humilhação» pública causada pelo processo.

O caso Portucale, com 11 arguidos, relacionou-se com o abate de sobreiros na herdade da Vargem Fresca, em Benavente, para a construção de um projecto turístico-imobiliário da empresa Portucale, do Grupo Espírito Santo (GES), por força de um despacho conjunto dos ministros do então Governo PSD/CDS Nobre Guedes (Ambiente), Telmo Correia (Turismo) e Costa Neves (Agricultura).

Falando aos jornalistas no final da leitura do acórdão nas Varas Criminais de Lisboa, Abel Pinheiro admitiu que se fez «justiça», mas apontou os «sete anos de humilhação» por que passou, observando que, durante as investigações, chegou a ser filmado na rua, por uma televisão, como se fosse um «urso».

Do veredicto do colectivo de juízes, presidido por Laura Maurício, resultou a inexistência de qualquer ilícito praticado por Abel Pinheiro, que justificou contactos mantidos no âmbito do projecto Portucale com o exercício das funções políticas no CDS/PP que exercia à data dos factos.

À saída do tribunal, também visivelmente satisfeito, José António Barreiros, advogado de defesa do ex-dirigente do CDS/PP, declarou que o tribunal deu como provado que Abel Pinheiro não tirou qualquer benefício pessoal, lembrando que já nas alegações finais o Ministério público havia pedido a a sua absolvição do crime de tráfico de influências.

«Abel Pinheiro é uma pessoa honrada. Fez-se justiça», enfatizou José António Barreiros.

Carlos Pinto de Abreu, advogado de defesa de António de Sousa Macedo (ex-director-geral das Florestas), considerou que a decisão do colectivo de juízes pôs «fim a um longo calvário» dos arguidos, que foram «flagelados» apesar de serem pessoas inocentes, pelo que hoje se assistiu à «morte da injustiça e à ressureição da verdade».

António de Sousa Macedo disse ter sido feita «justiça», acrescentando que nunca percebeu este processo que o sentou no banco dos réus.

Os 11 arguidos do caso Portucale foram absolvidos de todos os crimes de que estavam acusados: tráfico de influência, falsificação e abuso de poder.

Lusa/SOL