Governos e mercados

Passa das 16.30, e os mercados de acções e de dívida já fecharam na Europa.

Nos mercados de dívida, as quedas foram ligeiras. O mercado mais importante, o alemão, para onde os investidores fogem quando há instabilidade, fechou inalterado, tal como o holandês e o francês. Na Grécia as taxas de juro subiram 3 pontos-base (1% de 1%.), em Itália e em Espanha 4 p.b., e Portugal foi o recordista das quedas com 6 p.b., para 2,73% (e esteve a perder 20 p.b., mas depois recuperou parcialmente). Como vê, não foi muito.

O dia foi mais agitado nos mercados de acções. O Euro Stoxx 50, que agrupa as 50 maiores multinacionais da zona-euro, desceu 1,45%. Todos os maiores mercados caíram: 0,92% em Londres, 1,57% em Frankfurt, 1,46% em Paris, 1,22% em Madrid. Foi, portanto, um dia mau, mas longe de catastrófico.

A maior queda foi em Lisboa: descida de 4,05%, liderada pelo sector da banca, onde os títulos caíram à volta de 10%.Preocupações quanto à solvabilidade do Banif (-11%), problemas quanto a filial polaca do BCP (-10%) e um efeito de “arrastamento” pelas quedas dos outros bancos penalizaram do BPI (-9%). Apesar da pequena dimensão do nosso mercado, é possível que esta descida tenha tido um efeito negativo em outras praças, como Madrid. Todavia, há motivos mais importantes, como as preocupações dos investidores quanto à queda do crescimento económico na China (se assim não fosse, Madrid teria sido, das bolsas importantes, a que mais desceu, mas foi a que caiu menos)

Só pode haver uma explicação para esta queda em Lisboa maior do que as outras praças europeias: instabilidade política, com a prevista queda do governo, amanhã, a penalizar os títulos, e a perspectiva de um governo PS apoiado pela restante esquerda. Creio que as descidas não vão continuar muito: há vários países na Europa governados por governos de esquerda. Certo é que os investidores preferiam um governo de direita em Portugal a um de esquerda, mesmo que esta assegure uma maioria absoluta no parlamento.