Operação Marquês: os negócios nas malhas da Justiça

São vários os negócios isolados pela Operação Marquês que têm José Sócrates em pano de fundo. O Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) acredita que a teia de influências não conhecia fronteiras e servia-se de pessoas-chave, algumas delas já conhecidas de outros processos judiciais.

Operação Marquês: os negócios nas malhas da Justiça

O sócio oculto de Rui Pedro Soares

O Ministério Público (MP) defende que um desses casos é a compra dos direitos televisivos da Liga espanhola por Rui Pedro Soares, ex-administrador da PT (que no caso Face Oculta surgiu na tentativa de compra da TVI, pretendida por Sócrates).

Tudo começou quando Carlos Santos Silva comprou 10% da Walton e um seu sócio, Rui Mão de Ferro, 90% desta empresa, para apostar em negócios desportivos. Os dinheiros envolvidos, porém, vieram da mesma conta bancária de Santos Silva que tem suportado os gastos de Sócrates nos últimos anos – e que o MP sustenta que pertence na realidade ao ex-primeiro-ministro. Por isso, os investigadores suspeitam que a Walton é na realidade de Sócrates e foi um meio para financiar sociedades da esfera de Rui Pedro Soares, sendo uma espécie de sócio oculto.

Foi a Walton que comprou participações nas sociedades Worldcom e Codecity, ambas ligadas a Rui Pedro Soares. Só para garantir que a Worldcom conseguisse assegurar os direitos da Liga espanhola, houve um financiamento de cinco milhões de euros. Os direitos foram depois alienados a uma sociedade do grupo de Miguel Pais do Amaral.

Depois disso, houve financiamentos também com origem nas mesmas contas de Santos Silva à Codecity Players Investments e à Codecity Informação e Comunicação.

Parte destes recursos acabaram, defende a investigação, no Belenenses. Isto porque a Codecity Sports Management, que detém mais de metade da Belenenses SAD, beneficia desse dinheiro que entra nas sociedades Codecity.

As suspeitas do DCIAP de que a Walton é na verdade de Sócrates e não dos dois homens que surgem formalmente como detentores (Santos Silva e Mão de Ferro) foram reforçadas por vigilâncias e escutas telefónicas de conversas em que Rui Pedro Soares dá a entender que Sócrates é quem decide na Walton.

Leia mais: Os interesses de Santos Silva e do Grupo Lena

carlos.santos@sol.pt