França acordou revoltada. ‘Desta vez é a guerra’, escrevem jornais

Os principais diários franceses descrevem “a guerra em plena Paris”, “massacres em Paris” e “desta vez é a guerra” na sequência dos ataques da noite desta sexta-feira, descrevendo todos “uma vaga de atentados sem precedentes”.  

França acordou revoltada. ‘Desta vez é a guerra’, escrevem jornais

Na capa do Le Parisien, sob fundo negro de luto, lê-se "Desta vez é a guerra", com uma fotografia a ocupar metade da página e a mostrar um cadáver no chão e outro numa maca, com os socorristas em plena ação.

"Vários ataques terroristas simultâneos no leste de Paris e à volta do Stade de France fizeram mais de uma centena de mortos ontem à noite. Face a esta vaga de atentados sem precedentes, François Hollande decretou o estado de emergência em todo o território e o fecho das fronteiras", noticia o Le Parisien ainda na primeira página.

Também sob um fundo negro de luto, o Le Figaro coloca na capa uma enorme fotografia da esplanada do café "La Belle Équipe",no 11º bairro da capital, onde se veem vários cadáveres no chão, com o título "A guerra em plena Paris".

"Uma série de ataques terroristas sem precedentes aconteceu ontem à noite em Paris e nos arredores do Stade de France, fazendo – de acordo com um balanço provisório estabelecido às duas horas da madrugada – pelo menos 120 mortos e vários feridos. François Hollande anunciou à meia-noite que decretava o estado de emergência e restabelecia os controlos nas fronteiras", escreve ainda na primeira página o diário.

No Libération, a fotografia de um ferido transportado por um guarda e por um jovem ocupa toda a capa, com o título em letras garrafais "Carnificina em Paris", acompanhado com a legenda "Sete ataques simultâneos em Paris e nos arredores do Stade de France fizeram pelo menos 120 mortos. Uma vaga de atentados sem precedentes".

O editorial do "Le Parisien" comenta que "estes bárbaros de Deus, soldados de pacotilha cujo heroísmo consiste em matar inocentes, massacram de forma cega porque querem deixar a França em choque, paralisá-la, dividi-la".

"Mas em nome dos verdadeiros mártires de ontem, as vítimas inocentes, e em nome da República, a França vai saber ficar unida e saber enfrentar", conclui o texto do diário da capital francesa que publica mais de uma dezena de páginas sobre os ataques de ontem, com vários testemunhos. 

É o caso de Anita, "uma parisiense presente no momento do ataque" que diz ter visto duas pessoas a serem "abatidas" junto a ela, que estava no andar superior: "Foi por volta das 22horas. De repente o grupo parou de tocar e desatou a fugir. Houve um movimento de pânico (…) O tempo de eu conseguir fugir, duas pessoas foram abatidas ao pé de mim…"

O editorial do Libération, intitulado "Unidade", aponta que "a barbárie terrorista atingiu uma etapa histórica", com "um massacre coordenado no coração de Paris, executado com uma determinação fria, com o objetivo de multiplicar as vítimas", descrevendo "atentados suicidas ao modo iraquiano no Stade de France e uma carnificina no Bataclan".

"A sociedade francesa deve armar-se de coragem para não ceder aos assassinos, para exercer a sua vigilância e vontade inabalável para enfrentar o horror, apoiando-se nos seus princípios de direito e de solidariedade (…) É impossível não ligar estes acontecimentos sangrentos aos combates em curso no Médio Oriente. A França desempenha lá um papel e deve continuar a sua ação sem pestanejar", conclui o editorial de Laurent Joffrin.

Num dos artigos das seis páginas dedicadas aos ataques de ontem, o Le Figaro titula "o cenário tão temido pelas forças da ordem e pelos serviços secretos", escrevendo que "todos os especialistas do terrorismo estavam à espera de um enorme ataque em França" e que "as forças da ordem se preparavam há muito tempo para este tipo de atentados com múltiplos alvos".

O diário publica ainda uma lista das "medidas de segurança excecionais", como o fecho das escolas este sábado, o cancelamento de todas as visitas de estudo, o encerramento dos museus, várias linhas de metro fechadas e, alegadamente, táxis gratuitos.

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Lusa/SOL