Carta aberta aos terroristas de Facebook

Uma carta começa geralmente com um “caros ou queridos”, mas vocês não me são nada disso. Ainda assim, por mais que não aceite a vossa opinião, respeito tanto a vossa existência como desejo que ela seja pacífica, sem violência ou mortes prematuras e cruéis.

Nestas alturas, como a hedionda noite de 13 de novembro em Paris, vocês saem logo da toca. Vocês que misturam refugiados com terroristas, que definem o bom e o mau pelo tom de pele, que dividem o direito à existência pelo crucifixo cristão, o véu islâmico ou o quipá judeu.

As notícias começam a circular e o medo passa-nos no coração, claro que passa, passa a todos. Passa o medo, a angústia, a tristeza, a solidariedade. E eu entendo que por 3 segundos o medo vos tolde o pensamento e bloqueie a inteligência, mas 3 segundos não chegam para brotar comentários xenófobos, racistas e ignorantes. O medo não justifica as barbaridades que vocês escrevem nas redes sociais. Vocês são o eco dos terroristas e por cada “bem feito”, “eu bem avisei que os refugiados eram terroristas”, “o islão é isto”, “estavam mesmo a pedi-las”, morre mais um inocente.

O vosso medo é acima de tudo o medo da diferença. Estão tão desconfortáveis com a vossa existência que acabam por culpar tudo o que não vos é semelhante. E isso é profundamente triste, mas a culpa não é dos outros.

Não vos peço que abandonem o vosso mundo tacanho, que viajem, que leiam, que aprendam, que conheçam. Não vos peço que gostem de outras religiões, nacionalidades ou tons de pele. Mas, por favor, não apregoem o ódio, não sustentem a violência, não apelem à divisão. Acima de tudo, não sejam fundamentalistas cobardes e terroristas digitais que são usados como escribas pelas mãos daqueles que se escondem no pretexto religioso para atacar e matar inocentes.

É suposto passarmos por isto da melhor maneira possível. Todos.