Entrevista a Rui Nuno Castro, Deputy CEO da iClio

A iClio é uma empresa dedicada à criação e publicação de conteúdos relacionados com História, Património e Cultura, especializada na produção de conteúdos para os novos media digitais. A missão da iClio é criar uma ponte entre conteúdos e tecnologia, focando-se na exatidão, usabilidade, qualidade de design e gestão eficaz de projetos. Clio – musa da…

– A vertente inovadora, no mundo empresarial, é crescente e cada vez mais um recurso a que os profissionais de todas as áreas recorrem. Ao longo dos anos trabalhou em várias empresas de renome nacional e internacional. Na sua opinião, quais as melhores estratégias para a diferenciação empresarial, no mercado?

Forte identidade da marca, que só se consegue obter com uma constante atitude consistente e coerente. E foco no cliente, toda a operação, seja em que área for, deve estar orientada exclusivamente para o cliente. Estes princípios servem para uma multinacional e para uma start-up exactamente na mesma medida.

 

– Um pouco por todo o Mundo, têm vindo a surgir eventos cujo objetivo final é motivar e ajudar indivíduos com ideias de negócio – como o Startup Pirates, o TEDx ou mesmo programas mais mediáticos e de entretenimento, como o americano Shark Tank. Na sua opinião, qual o impacto que estas iniciativas têm nas sociedades?

Este tipo de eventos, cada um da sua forma, têm a capacidade de moldar comportamentos e apontar novos caminhos. Os eventos que têm palco nos mass-media obviamente tem uma capacidade de influência incomparavelmente maios. Mas os eventos mais focados, apesar de tocarem menos pessoas, fazem-no de uma forma mais intensa e simultaneamente mais personalizada e profunda. Quando em 2002 criei a minha primeira empresa, não existia qualquer tipo de evento nesta área e ainda não se falava de empreendedorismo, mas na prática ele já existia (se bem que em menor escala). Agora que existe o produto "empreendedorismo" é muito mais fácil de o promover.

 

– Recentemente, alguns projetos nacionais foram apresentados em Sillicon Valley. Este é um sinal de que o trabalho dos portugueses pode competir com mercados muito maiores?

É um sinal que os grandes mercados estão atentos a Portugal e ao que em Portugal se está a fazer. Temos casos muito recentes como a TalkDesk, a Feedzai ou a Uniplaces que ajudam a dar mais confiança a potenciais investidores quando estão a considerar investir por cá. Portugal e as start-ups nacionais começam a ser sexy.

 

– Que conselhos daria a um jovem que pretendesse iniciar um negócio?

Os que dou sempre: Foco na ideia de negócio e resiliência.

 

– O que foi mais importante na tua carreira profissional?

Eu costumo dizer que tudo na nossa carreira é importante, no limite aprendemos "como não se deve fazer". Tudo na nossa carreira é determinante, mas é muito mais sedutor, ao responder a este tipo de questões, mencionar apenas as vitórias ou os sucessos. Eu acredito que as derrotas e os insucessos são muito mais importantes para construirmos o nosso carácter profissional.

 

– Como começa a paixão pela criação de Guias Turísticos?

Mais do que uma paixão por criar guias turísticos, trata-se de uma paixão por melhorar a experiência do turista por via da tecnologia e da criação de conteúdos de excelência. É isso que nos move. Por um lado a gestão do tempo do turista, o tempo é o bem mais precioso que temos nos dias de hoje. Não há nada que nos permita recuperar tempo perdido, e com o JiTT.travel nós poupamos esse tempo ao turista. Por outro lado entregamos conteúdos de excelência e culturalmente adaptados. Isto é algo que nos diferencia e portanto é algo que nos apaixona.

 

– Quais as principais diferenças que nota entre os mercados internacionais e o português?

As diferenças existem, não podemos ignorar esse facto. Mas também não seria justo se não dissesse que elas estão, pouco a pouco, a serem mitigadas. Para começar temos um problema de escala, mas estamos a suprimi-lo quando vemos todos os dias novas empresas com cariz global a nascerem em Portugal. Temos, ainda, um problema de pragmatismo, mas colmata-mo-lo com arrojo e extraordinária capacidade de inovação. Mais do que nos compararmos, acho que devemos ser conscientes das nossas características, das boas e das menos boas, e transformá-las em factores diferenciadores que nos torne únicos na cena Global.

 

Artigo escrito por Miguel Frade ao abrigo da parceria entre a Conferência 'Começar Hoje o Caminho do Amanhã' e o Jornal SOL.