Obama anuncia reforço de troca de informações entre EUA e França

O presidente norte-americano, Barack Obama, anunciou hoje um reforço da troca de dados entre os serviços de informações do seu país e os de França na sequência dos atentados de sexta-feira em Paris, que causaram 129 mortos.

“Anunciamos hoje um novo acordo. Reforçamos as práticas através das quais partilhamos as informações secretas e militares operacionais com a França”, declarou Obama à imprensa no final da cimeira do G20, que integra os países mais desenvolvidos e emergentes, na estância balnear turca de Antalya (sul).

O acordo permitirá que o pessoal norte-americano passe informação sobre ameaças a França “ainda mais rapidamente e mais frequentemente”, disse.

No entanto, assegurou que os Estados Unidos não tiveram antes “qualquer elemento específico” que permitisse pensar que os ataques, que foram reivindicados pelo grupo ‘jihadista’ Estado Islâmico (EI), estavam em preparação para a capital francesa.

O presidente norte-americano disse que não alterará a sua estratégia de luta contra o EI, adiantando crer, como os seus assessores militares e civis, que seria um erro enviar grande quantidade de tropas para a Síria para tentar derrotar o grupo extremista.

Se os Estados Unidos aumentassem a sua presença na Síria, “por exemplo, com 50.000 soldados, veríamos uma repetição do que aconteceu antes”, disse Obama, numa aparente referência ao sucedido após a guerra no Iraque.

Os elementos radicais “voltariam” se não existisse uma população local que defendesse outros valores, a menos que se defenda uma ocupação permanente de países, advertiu.

Os Estados Unidos dirigem uma coligação internacional que combate o EI no Iraque e na Síria através de ataques aéreos e apoio a milícias locais.

A estratégia atual contra o EI dará resultados, mas precisa de tempo, defendeu Obama, adiantando que na frente militar se procuram novos apoios e que autorizou mais forças especiais para melhorar a coordenação.

Obama apelou, por outro lado, para se evitarem as confusões entre refugiados e terrorismo, depois dos ataques em Paris terem suscitado reações fortes de rejeição dos migrantes em alguns países europeus.

“As pessoas que fogem da Síria são os que sofrem mais terrorismo, os mais vulneráveis. É importante que não fechemos os nossos corações às vítimas de uma tal violência (…) isso começa por não estabelecer uma ligação entre a questão dos refugiados e a do terrorismo”, declarou.

“Fechar-lhes a porta seria uma traição aos nossos valores”, insistiu.

O presidente norte-americano não se esqueceu todavia de referir a necessidade de assegurar a segurança dos cidadãos de todos os países, indicando que ao mesmo tempo que se aceitam os refugiados, estes devem ser alvo de controlos de segurança.

“As nossas nações podem dar as boas-vindas aos refugiados que procuram segurança desesperadamente e assegurar a nossa própria segurança. Podemos fazer ambas as coisas”, disse ainda.

Lusa/SOL