Crise positiva

A crise política forçada pelo secessionista Artur Mas tem todos os ingredientes para se tornar um maná eleitoral para Mariano Rajoy. A cinco semanas das eleições gerais, o seu Partido Popular mantém-se à frente das sondagens, e o apoio recebido pelos principais partidos no sentido de combater as intenções dos separatistas catalães dá-lhe um papel de…

Crise positiva

“Nas situações de crise os eleitores tendem a votar no Governo em funções. Principalmente se conseguirem aumentar a partipação eleitoral graças à ideia de que se trata de uma eleições cruciais, que existe uma ameaça à Constituição”, comentou à AFP o analista político Jose Ignacio Torreblanca.

Rajoy apresentou no sábado, em Barcelona, as listas dos concorrentes a deputados e senadores. Segundo o ABC, o líder galego promoveu uma limpeza de dois grupos: os próximos de José María Aznar e os críticos da sua liderança.

Os socialistas estão preocupados. Isso mesmo foi transmitido ao secretário-geral, Pedro Sánchez, numa reunião que teve com os líderes regionais na quarta-feira. “Todos no PSOE vão ajudar o Governo de Rajoy a sair desta situação porque é do interesse de Espanha”, declarou García-Page, o presidente de Castela-Mancha, antes de deixar a pergunta: “Com Sánchez na Moncloa (palácio do Governo), Rajoy estará disposto a apoiá-lo numa solução?”.

Para já, o cenário do sucessor de Zapatero como primeiro-ministro não é o mais provável. Segundo a sondagem da CIS para o El País, os conservadores têm 29,1% das intenções de voto, quase quatro pontos acima dos socialistas (25,3%). Os novos partidos Ciudadanos (14,7%) e Podemos (10,8%) invertem posições. O número de indecisos é ainda muito elevado: 22% Já o El Mundo fez a média quinzenal de todas as sondagens e atribui 27,3% ao PP, 21,9% ao PSOE, 17,9% aos Ciudadanos e 14,5% ao Podemos.

Sem maioria absoluta à vista nas eleições de 20 de dezembro, são vários os cenários que se apresentam. O mais recente foi veiculado pelo líder do Ciudadanos, Albert Rivera. Perante a hipótese de ter mais votos que PP e PSOE, o jovem líder abriu as portas dos ministérios a dirigentes conservadores e socialistas. “Não fecho as portas ao talento. Se há quem queira entrar na nossa equipa, porque não?”. Negativa deu à possibilidade de assumir o cargo de vice-primeiro-ministro num Governo de outra cor.

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O Podemos, em queda nas sondagens – desgastados por vários casos e a demissão dos dirigentes de Podemos no País Basco em face à tentação centralizadora de Pablo Iglésias -, viu Pedro Sánchez admitir um acordo pós-eleitoral com Iglésias, porque este “abandonou a retórica populista”.

Iglésias apresentou os principais candidatos às listas, com personalidades tão diversas como uma juíza, um general e um filósofo.

cesar.avo@sol.pt